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Israel usa sistema de reconhecimento facial para localizar palestinianos

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A Palestinian youth kicks a burning tyre during clashes with Israeli forces following the death announcement of a Palestinian hunger striker who was in Israeli detention, on May 2, 2023, in Hebron, in the occupied West Bank. – Israel’s prison service announced the death of Khader Adnan, a top figure in the Islamic Jihad, who was “found early this morning in his cell unconscious”. The news was swiftly followed by rocket fire towards Israel, an AFP journalist witnessed, with the Israeli military reporting three rockets “fell in open areas”. (Photo by HAZEM BADER / AFP)

 

A Amnistia Internacional (AI) denunciou, esta terça-feira, a utilização por Israel de um sistema experimental de reconhecimento facial, denominado “Red Wolf” (“Lobo Vermelho”), para localizar palestinianos e impor restrições à sua liberdade de circulação.

Segundo a organização não-governamental (ONG), o uso deste sistema visa garantir uma “política de ‘apartheid’ [regime de segregação]” nos territórios palestinianos ocupados.

Num relatório de 81 páginas, intitulado “‘Apartheid’ Automatizado: Como o Reconhecimento Facial Fragmenta, Segrega e Controla os Palestinianos” nos territórios ocupados, a ONG de defesa e promoção dos direitos humanos, com sede em Londres, salienta que o “Red Wolf” é apenas uma parte de uma rede de vigilância “crescente” que visa reforçar o controlo de Israel sobre a população palestiniana.

O sistema, segundo a AI, funciona em postos de controlo militares na cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, bem como em Jerusalém Oriental, onde examina os rostos dos palestinianos e os adiciona, sem consentimento dos visados, a enormes bases de dados de vigilância.

“As autoridades israelitas utilizam instrumentos de vigilância sofisticados para promover a segregação e o ‘apartheid’ automático contra a população palestiniana”, denunciou a secretária-geral da AI, Agnès Callamard.

Este sistema, que começa com uma rede de câmaras de vigilância em circuito fechado, faz, segundo a Amnistia Internacional, “parte de uma tentativa deliberada das autoridades israelitas de criar um ambiente hostil e coercivo para os palestinianos, a fim de minimizar a sua presença em zonas estratégicas”.

Na Cisjordânia, segundo a ONG, o “Red Wolf” predomina no setor H2 da cidade de Hebron, que é totalmente controlado por Israel. Aí vivem cerca de 33.000 palestinianos, juntamente com aproximadamente 800 colonos israelitas que residem em pelo menos sete enclaves de colonatos.

A AI recorda que os palestinianos do setor H2 estão sujeitos a restrições de circulação “draconianas”, uma vez que não podem aceder a certas estradas e passam os dias de um posto de controlo para outro, o que dificulta a sua vida quotidiana.

Nos termos de um acordo de 1997 entre as autoridades israelitas e a Organização de Libertação da Palestina (OLP), Hebron foi dividida em duas secções, conhecidas como H1 e H2. A H1, que constitui 80% da cidade, é administrada pelas autoridades palestinianas, enquanto Israel mantém o controlo total da H2, que inclui a Cidade Velha.

Em Jerusalém Oriental e, em particular, na Cidade Velha, a AI refere que Israel mantém uma rede de milhares de câmaras de videovigilância, conhecida como ‘Mabat 2000’, atualizada constantemente desde 2017, “para melhorar as capacidades de reconhecimento facial e alcançar um poder de vigilância sem precedentes”.

Em ambos os locais, o procedimento é o mesmo: quando um palestiniano passa por um posto de controlo onde opera a “Red Wolf”, a respetiva cara é digitalizada, sem o seu conhecimento ou consentimento, e comparada com entradas biométricas em bases de dados que contêm informações exclusivamente sobre palestinianos.

O sistema utiliza estes dados para determinar se uma pessoa pode passar por um posto de controlo e regista automaticamente os dados biométricos de qualquer novo rosto que seja analisado. Se não houver registo de uma pessoa, é-lhe negada a passagem.

A Amnistia Internacional defende que o sistema pode também recusar a entrada com base noutras informações armazenadas nos perfis dos palestinianos, como, por exemplo, se uma pessoa é procurada para interrogatório ou detenção.

Com o passar do tempo, o “Red Wolf” está a expandir a base de dados de rostos palestinianos.

Numa declaração à ONG israelita Breaking the Silence, um comandante do exército de Israel estacionado em Hebron disse que os soldados estão encarregados de treinar e otimizar o algoritmo de reconhecimento facial para que este comece a reconhecer rostos sem necessidade de intervenção humana.

“A Amnistia Internacional não pode afirmar com toda a certeza quais as empresas que fornecem às autoridades israelitas o ‘software’ de reconhecimento facial, mas as suas equipas de investigação identificaram os fornecedores de uma série de câmaras que encontraram em Jerusalém Oriental ocupada”, referiu a organização.

Os investigadores encontraram câmaras de videovigilância de alta resolução fabricadas pela empresa chinesa Hikvision instaladas em áreas residenciais e montadas em infraestruturas militares. Alguns destes modelos, de acordo com a publicidade comercial da própria Hikvision, podem ser ligados a ‘software’ externo de reconhecimento facial.

A Amnistia Internacional também identificou câmaras fabricadas pela empresa neerlandesa TKH Security localizadas em espaços públicos e montadas em infraestruturas policiais.

A AI apela às autoridades israelitas para que ponham fim à vigilância “tanto em massa como direcionada” dos palestinianos e que levantem as restrições arbitrárias que impuseram à liberdade de circulação da população palestiniana nos territórios ocupados, “como medidas necessárias para desmantelar o ‘apartheid'”.

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