Futebol

Morreu o rei Pelé aos 82 anos

1940-2022

PELE - MILENIO STADIUM

 

O mítico futebolista brasileiro Pelé morreu, esta quinta-feira (29), aos 82 anos, depois de uma longa batalha contra o cancro no cólon. O antigo jogador estava internado há um mês no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Como pode morrer alguém que é imortal? Edson Arantes do Nascimento pode, mas Pelé não pode. O primeiro faleceu esta quinta-feira(29), aos 82 anos, vítima de um cancro no colón e uma infeção respiratória. O segundo viverá para sempre, no imaginário de quem o viu jogar e de quem não viu. Quem viu, diz que nunca houve nem vai haver nada assim. Para esses e para muitos outros amantes do futebol, Pelé foi o mais brilhante jogador da história, que a FIFA reconheceu no ano 2000 como o “Melhor do Século XX”, numa eleição ganha a meias com Diego Maradona, para não ferir suscetibilidades. O astro argentino, falecido em novembro de 2020, terá sido o único que no século passado se aproximou do nível do Rei. Talvez. No século XXI, apareceram Messi e Cristiano Ronaldo, duas lendas, que as gerações mais novas também compararão a Pelé. Neste dia triste, não vale a pena.
Edson Arantes do Nascimento nasceu na localidade de Três Corações, em Minas Gerais, a 23 de outubro de 1940. Cresceu no meio da pobreza de Bauru, no interior de São Paulo. O pai admirava Thomas Edison, inventor da lâmpada, e uma gralha na certidão de nascimento transformou o nome do filho. Edson começou a jogar futebol nas ruas, como quase todos os génios brasileiros, e não demorou a perceber-se que o génio da lâmpada não ia deixá-lo ficar muito tempo no anonimato. Reza a lenda que começaram a chamar-lhe Pelé pela dificuldade em dizer o nome de Bilé, um guarda-redes que poucos chegaram a conhecer. Edson começou por não gostar da alcunha, mas ficou. Os anos seguintes levaram-no ao Santos, a equipa de uma vida, que começou a representar em 1956 e pela qual se sagrou duas vezes vencedor da Taça Libertadores e outras duas campeão mundial de clubes, em 1962 e 1963, a primeira para mal dos pecados do Benfica.

Golos, muitos, e um futebol de encantar, com um arsenal ofensivo completo, indicaram-lhe a rota da seleção brasileira, pela qual se estreou em julho de 1957, aos 16 anos. No ano seguinte, com 17, guiou o escrete à conquista do primeiro Mundial, para alegria de um país que ainda vivia na incredulidade de ter perdido em casa a final de 1950. Numa campanha fulgurante, que aqueceu a Suécia, Pelé começou o caminho para a imortalidade, concluído 12 anos depois, no México 70, para muitos o Mundial mais palpitante de sempre e com o melhor Brasil da história. Pelo meio, fez um jogo na edição de 1962, no Chile, que teve de abandonar devido a uma lesão. As lesões também o impediram de brilhar na fase final de 1966, com portugueses ao barulho, porque valia tudo para parar o imparável. Contas feitas, Pelé ganhou três títulos mundiais pelo Brasil, um feito ainda por igualar. Os números, que hoje ditam todas as regras, também não mentem. Segundo o Santos, Pelé fez 1366 jogos, incluindo amigáveis, e marcou 1283 golos, mas a FIFA “só” contabiliza 812 jogos oficiais e 757 golos. No final da carreira, também jogou no Cosmos, de Nova Iorque, para ajudar ao sucesso do “soccer” nos EUA. Um sucesso efémero. A 1 de outubro de 1977, pendurou as chuteiras e iniciou um percurso de empresário, de embaixador do futebol no mundo e até de político, nem sempre consensual. Porque Pelé só podia ser consensual dentro de um relvado e com uma bola por perto. Aí, como disse um dia Johan Cruyff, ele foi “o único que ultrapassou os limites da lógica”. Ou nas palavras do poeta Carlos Drummond de Andrade: “O difícil, o extraordinário, não é fazer mil gols como Pelé. É fazer um gol como Pelé”.

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