Canadá

Peter Fonseca e Julie Dzerowicz reeleitos

mielnio stadium - Julie Dzerowicz com apoiantes e voluntários na Casa das Beiras-Créditos Joana Leal

Julie Dzerowicz reeleita em Davenport

A Liberal Julie Dzerowicz foi reeleita em Davenport para o seu terceiro mandato. A corrida ao riding foi muito renhida e apenas 165 votos separaram a Liberal da candidata do NDP, Alejandra Bravo, cerca de 42,1% dos votos.
O Milénio Stadium esteve na noite eleitoral (20 de setembro) na Casa das Beiras onde a candidata se preparava para celebrar mais uma vitória, mas os resultados oficiais só acabariam por chegar na quarta-feira (22) à noite. Ainda assim Dzerowicz celebrou com os voluntários e apoiantes no clube português e no final da noite disse à nossa reportagem que estava preparada para vencer.

As prioridades da Liberal são lutar por ação climática, affordable housing, cuidados infantis a preços acessíveis e melhores programas de imigração. “O que disse sobre ação climática e cuidados infantis a $10 é verdade, mas fiz uma promessa à comunidade de que me ia reunir com líderes locais, sobretudo com de profissões especializadas. Nós temos muita construção a acontecer, mas precisamos de mais trabalhadores para este setor. Disse que íamos fazer uma Roundtable se fosse eleita e essa vai ser uma das minhas prioridades”, referiu ao nosso jornal.

No riding onde a língua portuguesa é a segunda mais falada depois do inglês, a MP reeleita diz que nunca sentiu tanto o apoio da comunidade portuguesa. “Não era que eu não sentisse amor antes, mas desta vez senti ainda mais. As pessoas abriram as portas de casa e estavam felizes por me ver. Muitas se calhar não estavam felizes com as eleições, mas estavam felizes por me ver”, contou. A candidata do NDP, Alejandra Bravo, teve 41,8% dos votos, a candidata do PC, Jenny Kalimbet, conquistou 10,1% e o People’s Party Choice teve 3.4%. O Green Party teve menos de 3% e dois independentes foram os menos votados de entre todos os candidatos.

A MP reeleita de 41 anos tem um bacharelato em Commerce pela McGill University e um mestrado em gestão de empresas pela Universidade da Colúmbia Britânica. Antes de ser eleita pela primeira vez MP de Davenport em 2015, Dzerowicz era diretora estratégica de planeamento e comunicação do Bank of Montreal. Filha de pai ucraniano e mãe mexicana, Dzerowicz foi a primeira mulher a ser eleita como MP em Davenport. Cerca de 47.125 eleitores votaram nestas eleições federais em Davenport.

Joana Leal/MS

 

milenio stadium - PETER FONSECA

Peter Fonseca de novo eleito

Peter Fonseca conquistou de novo uma cadeira no Parlamento Federal, vencendo as eleições na sua área – Mississauga East Cooksville – com 49,7% dos votos. Uma vitória clara, que deixou a candidata Conservadora Grace Adamu no segundo lugar, com 7835 votos de separação do candidato Liberal. A reportagem do Milénio Stadium acompanhou a noite eleitoral de Peter Fonseca, que confessou algum nervosismo no momento em que ainda não se conheciam os resultados das diversas mesas eleitorais. À medida que chegavam as informações o sorriso foi ficando mais descontraído e rasgado. Foi nesse momento que respondeu às nossas perguntas e garantiu, entre outras coisas, que continuará a ser no Parlamento Federal a “voz dos portugueses”.

Milénio Stadium: O que significa para si voltar a vencer as eleições em Mississauga East Cooksville?
Peter Fonseca: Para mim são as pessoas que tenho a honra e o privilégio de representar. Muitas delas são da nossa comunidade, portugueses que vivem aqui. E significa também o orgulho de saber que os nossos programas do governo têm ajudado tanto as pessoas – crianças, seniores, famílias… o que me dá mais satisfação é saber que ajudei alguém e que isso vai melhorar a vida deles. É este trabalho que eu quero continuar neste distrito eleitoral. Tenho muito gosto de perceber que o governo está com os programas que implementa a ajudar o país, e o país são as pessoas. É um orgulho ver alguém que tem um filho ou uma filha, estudantes que tiveram apoio para poderem terminar os seus estudos, saber qua há seniores na nossa comunidade, que trabalharam muito, esforçaram-se muito durante muitos anos para construir esta cidade e este país, e agora podemos fazer algo por eles. Esse é o tipo de coisas que me tocam muito e me dão energia para fazer este serviço público, que eu adoro.

MS: Estas eleições foram convocadas a meio de um mandato que o Partido Liberal tinha conquistado há apenas dois anos. O que é que aconteceu? O que é que motivou esta eleição antecipada? O que sentiu, enquanto MP, que faltava para o governo continuar o seu caminho?
PF: Quando eu concorri em 2019 ninguém sabia que íamos passar por uma pandemia. E a Covid-19 mudou as nossas vidas para sempre. Portanto, esta eleição foi uma oportunidade para os canadianos dizerem “sim, nós gostámos da orientação que o governo deu ao país. Gostámos dos apoios que temos recebido, quer para os negócios, como para os trabalhadores”. Eu acho que estas eleições o que fizeram foi dar um novo mandato ao governo, com minoria, mas dizendo “sim, vamos andar para a frente com estes programas que têm ajudado tanto as pessoas”. Agora para o futuro temos que pensar um bocado diferente, em termos da nossa economia, do nosso país, o que é que nós queremos fazer? Isto é muito importante. E o mais importante é ainda o combate contra este inimigo invisível que é a Covid-19. Temos que acabar com isto, para podermos pôr o país a andar para a frente.

MS: Uma das consequências da pandemia, além das questões de saúde pública, é a forma como ficou afetada a saúde financeira do país. A proteção das pessoas de que falava há pouco, aumentou imenso a dívida pública. De tal modo, que há quem defenda que os 600 milhões de dólares gastos com estas eleições, foram um gasto desnecessário, numa altura em que já tanto se gastou.
PF: Eu acho que Justin Trudeau deu a oportunidade aos canadianos de decidir de que forma íamos avançar, depois desta pandemia. O Partido Conservador, por exemplo, apoia a vacinação contra a Covid-19, mas não quer saber se as pessoas estão ou não vacinadas. Até relativamente à sua equipa, nunca disseram se estavam vacinados ou não. Portanto, acho muito importante que este país tenha a liderança de uma pessoa que diga “Sim, esta é a forma de acabar com esta pandemia, para que possamos avançar”. Todos os investimentos nos trabalhadores, empresários e respetivos negócios, os apoios que lhes foram dados, estão já agora a mostrar os frutos. E digo-lhe mais, 95% dos serviços que foram perdidos durante a pandemia, já voltaram ao ativo. Se formos a comparar isso com os Estados Unidos, que não tiveram tanto apoio quanto nós aqui no Canadá, acho que fizeram um serviço não muito bom, no que à pandemia diz respeito e ainda estão lá num desastre – eles só tiveram 75% dos serviços de volta ao ativo. Aqui no Canadá acho que estamos num bom caminho, tanto em termos da nossa economia, como da nossa saúde e também estamos bem enquanto população, com a liderança que nós temos no nosso governo.

MS: Apesar de ser um governo minoritário, não sente que os Liberais ficaram fragilizados com esta tentativa que alcançar uma maioria e afinal continuarem em minoria?
PF: O povo é que decidiu. Claro que não ficámos com a maioria que desejávamos, mas com esta minoria as pessoas também dizem o que é que é importante para eles – acabar com esta pandemia, ir para a frente, dar oportunidade às famílias e aos trabalhadores da nossa comunidade.

MS: No que diz respeito ao seu trabalho, aqui em Mississauga, quais são as suas ideias concretas para a comunidade que vai representar? O que quer trazer no próximo mandato?
PF: Aqui na zona que eu represento, muitas das coisas estão relacionadas com o trânsito, e já fizemos a promessa para ter o nosso GoTrain. Muita gente que trabalha, por exemplo, em Toronto, usa o comboio de manhã, mas depois sentem-se frustrados porque ao fim do dia já não têm comboio para voltar para Mississauga – portanto, resta-lhes o carro. Por isso vamos ter esse comboio que está sempre a andar todo o dia…

MS: Mas isso está debaixo da alçada federal ou é mais da área do governo provincial e até municipal?
PF: Sim, isso é uma excelente pergunta, porque é verdade que o GoTrain é provincial, mas o nosso governo, sabendo que isto é tao importante, prometeu colocar 500 milhões de dólares aqui para cumprir essa promessa e fazer com que se torne realidade. Acho isso muito importante. Nós estamos cá para ajudar as províncias, ser parceiros com as províncias, com as cidades, porque estamos nisto todos juntos. Eu não me importo se é a provincial, se é a municipal, ou se é federal, o que me importa é que a pessoa que vive aqui no meu bairro pode usar o comboio, pode ter acesso a boa saúde, que os filhos deles tenham acesso a boas escolas, etc. Pode ser uma coisa de outro nível de governo, mas eu acho que o governo federal deve ser um líder, para ajudar os outros a realizarem estes sonhos.

MS: Uma das grandes bandeiras dos Liberais foi o plano para tornar os Day Care acessíveis a todos. Esse plano é para andar para a frente?
PF: Sim, esse plano é excelente. Esse plano já está em andamento no Quebeque há 25 anos e essa província tem a menor percentagem de desemprego do país. Porque com esses valores acessíveis, as pessoas podem ir trabalhar e deixar os filhos num Day Care. Aqui na província de Ontário, para um filho, custa entre 14 a 18 mil dólares por ano para se ter a criança na creche. São valores exorbitantes. É impossível para uma família poder pagar isso. Já temos sete províncias que já acordaram em ter os 10 dólares por dia para um Day Care e eu penso que Ontário está muito perto de acordar com isso também.

MS: E Justin Trudeau? Como fica ele agora que ganhou novamente, mas com minoria? O que é que o partido vai achar desta vitória?
PF: É a terceira vitória do primeiro-ministro Justin Trudeau. Há orgulho nisso! Temos trabalhado e esforçado muito em prol deste país. Estamos num clima, numa política um bocado diferente. Eu gostava de ver uma política onde trabalhamos mais juntos, todos os partidos. Mas o nosso partido está aqui para a classe média, estamos aqui para o trabalhador, estamos aqui para dar oportunidade a todos. Não interessa de que zona se é, de que religião, que raça, isso não é importante. O que aqui importa é haver mais oportunidades e que o Partido Liberal dê a mão a mais pessoas. São esses os nossos valores e objetivos. E eu sou deste partido desde sempre, desde que cheguei em 1968 a este país, com os meus pais, e quem liderava era o pai do Justin Trudeau, o Pierre Trudeau.

MS: O Peter Fonseca sendo português, filho de pais portugueses, o que é que tem feito pela comunidade portuguesa?
PF: Eu sou uma voz da comunidade portuguesa, tenho um grande orgulho nesta comunidade, tenho sido muito apoiado por todos, nas várias áreas da minha vida: seja a desportiva, de negócio ou agora a política. Eu só tenho a agradecer. Estou sempre a apoiá-los também, às famílias, aos trabalhadores, muitos trabalham em construção – temos aliás, tido muitas negociações para apoiar esse setor em particular. A nossa comunidade merece o respeito que tem. Eu falo com os meus colegas, em todo o país, e todos eles enaltecem o facto de ser português. Associam a alguém trabalhador, muito empenhado, que se envolve com a comunidade e que retribui sempre que pode. Acho que todos devíamos ter muito orgulho pela comunidade que temos, por tudo o que temos feito em pouco tempo – 60 anos, mais ou menos, que estamos aqui… é muito pouco tempo! Acho, de facto, espetacular que a nossa comunidade seja tão bem vista e é um privilégio para mim ser uma voz dos portugueses.

MS: O projeto Magellan vai poder contar com o apoio do Peter Fonseca?
PF: A 100%. Até quando eu estava na província eu fiz tudo por tudo de forma a tentar ajudar, para que tenhamos uma casa para idosos e não aconteceu, por várias razões. O que eu posso dizer é que temos uma grande oportunidade agora. O nosso governo disse que iria investir 9 biliões de dólares em ajudas às províncias para os long-term care. Eu acho que agora temos a oportunidade de dizer “queremos uma casa para idosos, com qualidade, com bons profissionais”. Com a ajuda do dinheiro federal, com o apoio que temos da província, com os líderes da nossa comunidade que têm sido excelentes e a nossa comunidade no geral que se une para angariar fundos… acho que vamos chegar lá, estamos num período, na nossa comunidade, em que estamos no auge. Eu acho que esta casa, o Magellan, vai dar à nossa comunidade ainda mais motivos para que tenhamos orgulho e respeito.

MB/MS

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