Canadá

Contaminação alimentar – causas, consequências e cuidados a ter

Na passada sexta-feira, no programa “Camões em Toronto”, Telma Pinguelo teve oportunidade de conversar com a Dra. Aline Dimitri, Deputy Chief do Food Safety Officer da Canadian Food Inspection Agency, sobre um tema da maior atualidade e interesse para todos – segurança alimentar. As recentes notícias de registo de pessoas contaminadas com  LISTERIA, depois de terem consumido espinafres tornaram, de facto, ainda mais importante esta conversa, proporcionando ao público (ouvintes da Camões Rádio e leitores do Milénio) uma maior e melhor informação sobre os cuidados a ter e como enfrentar as consequências de uma eventual contaminação.

Camões Rádio: Sabemos que, recentemente, algumas pessoas, que consumiram uma determinada marca de espinafres, ficaram contaminados com Listeria. Como é que estas situações acontecem?

Aline Dimitri: Esta é uma boa pergunta porque, na realidade, a contaminação pode acontecer de diversas formas na produção de alimentos – pode ser quando ainda estão a desenvolver-se, no processo de colheita, na embalagem, na distribuição ou ainda, por vezes, na casa dos consumidores. Na realidade, em cada momento destes há possibilidade de haver contaminação e é por isso que a indústria alimentar tem vários mecanismos de controle para a evitar. Os consumidores, pela mesma razão, também devem ter muito cuidado com a maneira como lidam com os alimentos.

CR: Há alguma maneira de saber se os alimentos estão contaminados? Através da aparência ou do seu cheiro?

AD: Isso é muito interessante, porque nós muitas vezes achamos que conseguimos ver quando um alimento está contaminado. Na realidade nalguns casos até podemos perceber… ou pelo cheiro, ou porque até se pode ver algum bolor, mas a contaminação por uma bactéria, como é o caso da Listeria, não conseguimos detectar. Temos que fazer testes laboratoriais para ser possível ter certezas. Por isso, como não é possível ao comum consumidor ver ou detectar este tipo de contaminação é absolutamente necessário que se tomem as devidas precauções quando preparamos os nossos alimentos.

CR: Mas há alguma forma de minimizar os efeitos, caso o alimento esteja efetivamente contaminado?

AD: Há maneiras de controlar, sim. A pior coisa que podemos fazer é comer alimentos crus. Assim não conseguimos travar a bactéria. Então o melhor é cozinhar os alimentos porque a alta temperatura trata de eliminar a fonte de contaminação. Podemos, claro, garantir que lavamos sempre muito bem os alimentos, mas cozinhá-los é muito melhor. Outra coisa que temos que ter em consideração é que, para além de cozinhar os alimentos, não os devemos deixar num recipiente sem ser no frigorífico, porque aí a bactéria pode desenvolver-se. É muito importante guardar os alimentos já cozinhados no frigorífico. E também, particularmente agora no verão, devemos garantir que não deixamos os alimentos no carro, porque também é um “bom ambiente” para o desenvolvimento da bactéria. Isto não significa que todos os alimentos estejam contaminados com a bactéria, não é isso que estou a dizer, mas se por alguma razão o alimento estiver contaminado, temos que nos certificar que não criamos condições favoráveis ao seu crescimento, transformando os alimentos num problema. Por isso, resumindo: cozinhem os alimentos, ponham-nos no frigorífico e lavem sempre as mãos antes de os preparar ou comer.

CR: O problema destes legumes como a alface, espinafres e outros é que normalmente os comemos crus, em saladas…

AD: Está absolutamente certa. Quando olhamos para os riscos relacionados com a comida, tudo quanto é comido cru (saladas e outros) tem muito mais perigo do que o que é cozinhado. É por isso que para nós no C.F.I.A. é muito importante garantir que a indústria alimentar tenha muito boas práticas e implemente bons sistemas que garantam o máximo de segurança. É por isso que temos inspectores que visitam os estabelecimentos. Para garantir que as regras estão a ser seguidas. Portanto,  quando se olha para tudo isso percebe-se porque é que o risco de aparecer algo na comida é muito, muito baixo. Mas às vezes acontece. Daí que as medidas de prevenção sejam tão importantes.

CR: Quais são sintomas de contaminação?

AD: A verdade é que se comer algo que esteja contaminado com uma bactéria vai ter problemas gastrointestinais – diarreia, vómitos, náuseas… Basicamente é como tivesse sido “envenenada” com comida. O que recomendamos é que se dirija ao médico para ser tratada apropriadamente.

CR: Nos casos das pessoas contaminadas com Listeria, quais são os sintomas?

AD: Variam muito de pessoa para pessoa. Depende do sistema imunitário de cada um. Algumas pessoas podem ter uma reação muito maior do que outras. Daí a importância de irem ao médico para garantirem que têm o tratamento adequado ao seu caso.

CR: Quais são os grupos de risco?

AD: São as pessoas que pela sua natureza estão mais susceptíveis, ou mais receptivos, à doença – crianças que ainda não tenham desenvolvido o seu sistema imunitário, grávidas e séniores. Assim como pessoas com imunodeficiência.

CR: Quer acrescentar mais algum conselho no que diz respeito à segurança alimentar?

AD: Sim! Obrigada por me dar esta oportunidade. Por um lado, quero reforçar a ideia de que devem ter sempre a vossa comida devidamente acondicionada, mesmo depois de cozinhada. Por outro lado, gostaria de sugerir que visitem o site da Canadian Food Inspection Agency (C.F.I.A.) para receberem todos os nossos alertas, porque é aí que saberão tudo o que diz respeito à vossa segurança alimentar. Também lá encontram uma série de informação sobre alergéneos. Inclusivamente as pessoas com alergias poderão passar a receber email’s e mensagens, diretamente para eles, se houver alguma questão com algum produto no mercado.

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