O presidente do PSD recusou confirmar se vai deixar a liderança do partido após os resultados eleitorais, por não querer “fazer um espetáculo” acerca do assunto. Rui Rio pretende primeiro comunicar a sua vontade à Comissão Política Nacional do partido, que reúne esta quinta-feira. Mas deu a “certeza absoluta” de que ainda estará na liderança quando se votar o Orçamento do Estado.
“Não devo dizer mais do que aquilo que disse no domingo à noite”, afirmou Rio, esta quarta-feira, à saída de uma audiência com o presidente da República, em Belém.
O líder social-democrata pediu “calma” aos que pretendem saber se se demite ou não, entendendo que “não se deve fazer um espetáculo” sobre o assunto e dizendo que prefere debater estes assuntos “dentro do partido”.
Questionado sobre o facto de um dos seus vice-presidentes, Salvador Malheiro, ter expressado publicamente apoio a Luís Montenegro para novo líder do PSD, Rio pediu contenção “em nome da dignidade do partido, para dar uma imagem adulta e sem grandes histerias”.
O líder laranja disse não compreender a necessidade de um congresso não eletivo, ideia lançada após as legislativas e que teria como objetivo permitir que o partido se reorganizasse antes de escolher um novo líder.
Contudo, esclareceu que ainda será o presidente do PSD “no dia em que os deputados tomarem posse”, dando também a “certeza absoluta” de que estará à frente do partido durante a discussão e votação do Orçamento do Estado. Ou seja: se se confirmar que Rio deixa mesmo a liderança, a saída não será imediata.
IL e Chega querem regresso de debates quinzenais, Rio desconfia
Sobre os resultados de domingo, Rio expressou o desejo de que o PS “tenha aprendido alguma coisa” com a última maioria absoluta que alcançou, e que foi obtida por José Sócrates em 2005. Essa “manifestamente correu muito mal”, recordou.
O líder social-democrata mostrou ainda disponibilidade para fazer ligeiras alterações ao regimento da Assembleia da República. O objetivo é garantir um maior escrutínio do Governo e, dessa forma, encontrar um contrapeso à maioria absoluta. “Mas para fazer espetáculo para abrir telejornais não contem comigo”, atalhou.
O regresso dos debates quinzenais tinha sido proposto pouco antes por IL e Chega. Rio, que em 2020 votou ao lado do PS para lhes pôr fim, concordou que é necessário ser-se “um pouco mais acutilante” para lidar com um Executivo maioritário. Contudo, manteve as críticas a um modelo que, no seu entender, permite aos partidos abordarem qualquer tema sem que o primeiro-ministro possa preparar-se devidamente.
Rio descreveu ainda o líder do Chega, André Ventura, como “um homem com algum humor”, por este ter reclamado para si o papel de líder da oposição até que o PSD resolva a questão da liderança. Lembrando que o seu partido continua a ser “muito maior do que o Chega”, comprometeu-se a fazer oposição “até ao último dia”.
Sobre o possível boicote que poderá estar a ser preparado pela Esquerda – e que o PCP já confirmou que fará – à eleição de um vice-presidente do Parlamento vindo da bancada do Chega, Rio argumentou que o Regimento está do lado do partido de Ventura, por dar o direito de eleição de um vice a cada um dos quatro maiores partidos.
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