Num Dia da Vitória que prometia anúncios de supremacia russa e exaltação de troféus, o líder do Kremlin centrou o discurso nos veteranos e militares e repetiu a narrativa da inevitabilidade do “ataque preventivo” contra a Ucrânia, pelo qual voltou a culpar a NATO.
O discurso do presidente russo nas celebrações do Dia da Vitória – que assinala a vitória sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial e que este ano ganhou uma nova dimensão – foi curto (durou 15 minutos) e surpreendeu por não trazer surpresas: Putin não traçou nenhum objetivo específico, não estabeleceu datas, não exibiu novos troféus de guerra e não fez declarações que pudessem, à partida, contribuir diretamente para uma escalada ou desescalada do conflito. Em vez disso, o líder do Kremlin focou-se em duas grandes tónicas – a glorificação do passado soviético e a vitimização de uma Rússia forçada a intervir na Ucrânia -, seguindo o fio condutor da inevitabilidade da guerra face às ameaças do Ocidente à segurança do povo russo na região do Donbass (em grande parte controlada pelos separatistas pró-russos em território ucraniano).
Colocando-se ao lado dos veteranos e exaltando o papel das forças russas na Segunda Guerra Mundial, há 77 anos, Vladimir Putin fez um paralelo com a atual situação na Ucrânia e com a “tragédia” que as “perdas insubstituíveis” de soldados representam para a Rússia, desenhando como protagonistas os militares e cidadãos russos, e aproveitando para anunciar um “apoio crucial” aos “filhos dos camaradas caídos”, por quem pediu um minuto de silêncio.
“Vocês estão a lutar pela vossa terra mãe, para garantir que ninguém esquece a Segunda Guerra. Estão a lutar pelo nosso povo no Donbass, pela segurança da nossa pátria. O dia da vitória está próximo de cada um dos nossos corações”, disse o líder russo, dirigindo-se às tropas que combatem na região, antes de voltar a justificar a intervenção na Ucrânia com supostos planos de ataque do Ocidente e “uma ameaça absolutamente inaceitável” na fronteira russa.
Culpa NATO pela escalada da violência
“O perigo crescia a cada dia”, argumentou, considerando que “a única coisa a fazer” era um “ataque preventivo contra o agressor” e assegurando estar “a fazer tudo o que é possível para evitar uma guerra”.
Durante o discurso, Putin sublinhou a unidade e a “força imbatível” de uma “nação multiétnica”, em que soldados e oficiais de diferentes etnias e de várias latitudes, “incluindo aqueles que chegaram diretamente da zona de guerra do Donbass”, lutam “lado a lado”, protegendo-se “como irmãos”. “Glória às nossas forças armadas. Para a Rússia! Para a vitória!”, terminou, seguindo-se uma salva de tiros, que antecedeu o início da parada militar, que envolve cerca de 11 mil soldados, homens e mulheres de diferentes formações.
JN/MS
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