Cerca de 28,7% do total da água que entrou no sistema de distribuição em 2020 não foram faturados, sendo que 73,4% dos 236,5 milhões de metros cúbicos correspondem a perdas reais, calcula a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos. Por dia, Portugal continua a perder 125 litros de água.
No relatório anual de caracterização dos serviços de águas e resíduos de 2021, publicado esta quinta-feira, a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) sublinha uma ligeira melhoria na quantidade de água não faturada pelas entidades que fazem a distribuição em baixa (ou seja, que levam a água às nossas casas), mas mantém que a percentagem continua a ser “elevada”.
A ERSAR frisa que se registam “níveis muito elevados de água não faturada, na sua maioria devia a perdas reais”, sobretudo nos sistemas que operam em “regime de gestão direta”, sob a tutela de “serviços municipais, municipalizados e associações de municípios”.
Basta recuar a 2016 para perceber que a evolução tem sido mínima. Naquele ano, a percentagem de água não faturada, que corresponde a perdas reais, a erros de medição, a usos não autorizados e a consumos não cobrados, era de 29,8%. Subiu para 30,2% em 2017. Está a baixar desde 2018, embora de forma pouco efetiva. Esse ano fechou com uma taxa de 29,4%, em 2019 caiu para 28,8% e, em 2020, a quebra foi de apenas 0,1% para 28,7%.
Dos 236,5 milhões de metros cúbicos que as entidades gestoras em baixa não faturaram no primeiro ano da pandemia, 73,4% são perdas reais (173,5 milhões de metros cúbicos), 15,5% correspondem a erros de medição ou usos não autorizados (perdas aparentes) e 11,9% dizem respeito a consumos autorizados, mas não cobrados, como, por exemplo, a rega de jardins municipais.
O regulador calcula um desperdício diário de, pelo menos, 125 litros com as perdas reais de água. O mesmo valor que foi registado em 2019. Entre os sistemas com pior desempenho, estão a Câmara Municipal de Anadia (458 litros diários), o Município de Terras de Bouro (440 litros por dia), o Município de S. Brás de Alportel (412 litros diários) e os Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos de Loures/Odivelas (400 litros por dia).
Entre os melhores desempenhos, destacam-se a Câmara de Vale de Cambra (dois litros diários perdidos), o Município de Mangualde (seis litros por dia), a Câmara de Cacém (oito litros por dia), a Indaqua de Santo Tirso e Trofa (11 litros por dia), o Município de Reguengos de Monsaraz (14 litros por dia), os Serviços Municipalizados de Castelo Branco e a Câmara de Tábua (17 litros diários), o Município de Alcoutim (21 litros por dia), as Águas do Planalto (22 litros diários), as Águas do Tejo Atlântico (25 litros por dia) e as Águas de Gondomar (26 litros por dia).
Em comunicado, o regulador destaca que as famílias portuguesas suportaram, em média e para um consumo de 10 metros cúbicos de água, um encargo mensal de 25,48 euros com a fatura da água em 2020, “sendo o abastecimento de água o serviço que acarreta mais custos (45%), seguido do saneamento de águas residuais (35,2%) e gestão de resíduos urbanos (19,8%).
JN/MS
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