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Ontário mantém abordagem educativa antes de começar a multar

Passaporte de vacinação

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Créditos: DR

Há mais de duas semanas os moradores de Ontário precisam apresentar o passaporte de vacinação para frequentar inúmeros locais que oferecem serviços não essenciais, como restaurantes, bares, academias de ginástica, discotecas, entre outros ambientes de convívio fechados. Para as autoridades de saúde de todos os níveis de governos é consenso: impor essa obrigatoriedade foi a única forma de garantir a proteção da sociedade, evitar a propagação da variante delta e manter os estabelecimentos comerciais abertos e a economia girando.

O certificado de vacinação não se restringe apenas aos ambientes sociais. A cada dia mais empresas dos setores públicos e privados, das esferas federais, provinciais e municipais, adotam essa mesma regra e exigem que seus funcionários comprovem que estão imunizados para seguirem trabalhando, com risco de serem demitidos ou afastados sem remuneração, caso não o façam. Na última quarta-feira (6 de outubro) Otava anunciou que os trabalhadores federais têm até dia 29 deste mês para comprovarem seu status de vacinação e os canadenses que pretendem viajar pelo país, seja de barco, avião ou trem, também terão que comprovar que estão vacinados.

A autarquia de Toronto conta com mais de 37 mil 500 trabalhadores e aqueles que não fornecerem comprovante de vacinação contra a COVID-19 serão suspensos sem remuneração a partir de 1º de novembro. Segundo a chefe de saúde de Toronto, Dra. Eileen de Villa: “a política visa ajudar a proteger a saúde e segurança dos funcionários da cidade, moradores e comunidade”. De acordo com os dados obtidos pelas autoridades até a última quarta-feira (5 de outubro), 89% dos servidores municipais estão totalmente vacinados. Apenas 5% tem a primeira dose e 2% optaram por não divulgar suas informações. De Villa também destaca que as empresas e organizações têm papel fundamental nessa conscientização dos funcionários e que os locais de trabalho podem ajudar a estimular a vacinação, criando um ambiente de apoio que facilite a imunização e fornecendo informações de fontes confiáveis para quem esteja hesitante.

Em Toronto, embora quase 81% da população já esteja totalmente vacinada a prefeitura segue promovendo uma série de iniciativas para encorajar e facilitar o acesso a vacina daqueles que ainda não o fizeram. O chamado Team Toronto Mobile Strategy disponibiliza essas vacinas em locais de grande circulação de pessoas, como TTC, centros comerciais e comunitários, entre outros, e prioriza bairros e regiões da cidade onde os índices de vacinação estejam abaixo do esperado, destaca De Villa. A mais recente iniciativa do grupo se chama “VaxGiving” para vacinar o máximo possível de pessoas neste fim de semana do feriado de Ação de Graças.

Ainda de acordo com De Villa, um balanço realizado nessas primeiras duas semanas de implementação dos certificados de vacinas, Toronto havia recebido 373 comprovantes de reclamações relativos a estabelecimentos que não cumpriam a lei e emitiu três cartas de advertência. “Não houve nenhuma cobrança o foco por enquanto ainda é educar as empresas sobre o novo programa de comprovação de vacinação da província”, destacou.

Se por um lado essas novas exigências são vistas com naturalidade e aprovadas por parte da sociedade, há alguns que não concordam com tais regras e alegam serem uma violação clara dos direitos individuais de escolha. Os grupos denominados antivacinas podem não representar a maioria, mas de fato, são numerosos e barulhentos nas suas reinvindicações. Protestos em torno de hospitais e outros lugares públicos, com ofensas e atos violentos dirigidos à profissionais de saúde foram noticiados em diferentes cidades da província.

O governo de Ontário, que a princípio relutou na implantação do passaporte de vacinação, destaca que a medida é temporária e que foi imprescindível sua adoção. As autoridades de saúde seguem apelando e tentam alcançar a parcela da população elegível que ainda não está vacinada, seja por meio da conscientização ou facilitando os acessos a clínicas de imunização.

Contudo, embora esses apelos e exigências pela vacinação se tornem cada vez mais comuns, alguns são firmes e radicais nas suas convicções e simplesmente negam-se a aderir à imunização. Para ampliar a discussão sobre esse assunto, a realidade dos passaportes de vacinação, maneiras como a província está lidando com alguns casos de desrespeito as leis vigentes, protestos de grupos contrários a vacinação, estivemos à conversa com a Ministra da Saúde de Ontário, Christine Elliott.

Milénio Stadium: O governo de Ontário resistiu em implementar o passaporte de vacinação. De acordo com o Premier Doug Ford, era responsabilidade do governo federal criar esse programa. Essa resistência e, posteriormente, o atraso no lançamento do programa prejudicou a província de alguma forma?

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Christine Elliott, Ministra da Saúde de Ontário – Créditos: DR

Min. da Saúde Christine Elliott: Como resultado da abordagem extremamente cautelosa de Ontário, incluindo a manutenção de fortes medidas de saúde pública, como uso de máscaras em ambientes fechados, os indicadores de saúde pública da província permanecem estáveis ou estão melhorando. Na verdade, Ontário continua com uma das taxas mais baixas de casos ativos do país, bem abaixo da média nacional, e seguimos em direção ao melhor cenário.

A implementação de certificados de vacinas em ambientes de alto risco ajudará a proteger o progresso árduo da província. Estamos vendo o impacto dessa política, com milhares de outras pessoas, todos os dias, arregaçando as mangas para receber a primeira e a segunda dose da vacina.

Nos próximos meses, manteremos nossa abordagem cautelosa e continuaremos a tomar decisões com base nos melhores conselhos médicos e científicos.

MS: Qual é o balanço que o governo faz dessas primeiras semanas do passaporte de vacinação? Houve de fato um aumento no número de pessoas vacinadas em função dessa exigência?

CE: Sim. Um dia depois da divulgação da adoção do passaporte de vacina tivemos um alto número de vacinas administradas num só dia, mais de 43 mil, o recorde em relação as duas semanas anteriores. O número de pessoas agendando o recebimento da vacina também dobrou.

MS: Há relatos de que algumas empresas estariam se recusando em verificar o status de vacinação dos clientes. Como o governo está lidando com essa resistência em cumprir a lei? Essas situações são exceções? Quando o chamado período de tolerância vai acabar e as multas de fato serão aplicadas?

CE: Nossa expectativa é que todas as empresas sigam os requisitos de saúde e segurança COVID-19. Policiais da província estão se juntando a polícia local para visitar restaurantes, instalações recreativas e outras empresas ou organizações onde os clientes são obrigados a fornecer prova de vacinação antes de entrarem. O objetivo dessas visitas é ajudar os trabalhadores e o público a se manterem seguros e manter as empresas abertas. Num primeiro momento, os oficiais farão uma abordagem educacional, que está de acordo com a resposta da província durante a pandemia. No entanto, a critério do policial, as empresas que não estiverem em conformidade podem sim receber multas.

MS: Diferente de outras províncias, Ontário ainda não lançou o aplicativo que fornece a certificação de vacina pelo sistema QR Code. Algumas empresas afirmam que isso torna o atual passaporte mais vulnerável às falsificações. Como o governo analisa essa situação?

CE: Levamos a sério a privacidade dos dados de saúde dos cidadãos de Ontário. O certificado de vacina aprimorado e o aplicativo de verificação estarão disponíveis em 22 de outubro de 2021 e a atualização do guia de comprovação de vacinação será lançado. Nesse ínterim, os habitantes de Ontário podem baixar um certificado que contém a marca d’água, para atestar a segurança, ou usar o recibo que receberam por e-mail ou no momento da vacinação.

Quando se trata da saúde e segurança de nossas comunidades, estamos confiantes de que a grande maioria dos habitantes de Ontário fará a coisa certa.

MS: Os grupos antivacinas estão expandindo seus protestos em toda a província. Manifestações do lado de fora de hospitais foram realizadas e alguns profissionais de saúde foram agredidos e hostilizados nesses episódios. Esses grupos geralmente se dizem pró-liberdade, e ‘não anti-vacinação. Como o governo analisa esses incidentes, relacionados aos direitos individuais, e qual é a resposta a esses argumentos e ataques públicos?

CE: Estamos extremamente desapontados em ver nossos hospitais e funcionários sendo alvo de protestos depois de todo o sacrifício que eles têm feito durante a pandemia. O protesto pacífico é um direito, mas os nossos pacientes e profissionais heróis da área de saúde não merecem ser intimidados ou impedidos de acessar seus locais de trabalho ou prestar atendimento.

Lizandra Ongaratto/MS

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