Melhores cortes para barbecue
A tradição de grelhar carne não nasceu na América do Norte, mas a verdade é que os americanos e os canadianos não dispensam um bom barbecue no verão. Os portugueses que vivem em Toronto também são fãs deste prato ideal para juntar as famílias à volta da mesa nos dias mais quentes. Para muitos grelhar carne pode remeter para preparar um hambúrguer ou um cachorro-quente, mas na realidade vai muito para além disso. Dizem os mais entendidos que a escolha do corte da carne para barbecue depende de vários fatores, inclusive até do dinheiro que o cliente está disponível a gastar. Esta semana o Milénio Stadium falou com Luís Pavão pai, o fundador dos talhos Pavão Meats & Deli, que conta com oito localizações entre Newmarket, Cambridge, Hamilton, Toronto e Etobicoke.
Na opinião deste açoriano que abriu o primeiro talho em Toronto há 47 anos, tudo depende do gosto do cliente, mas na sua ótica os melhores cortes de carne para o famoso barbecue são o acém redondo, a vazia e a alcatra. “O acém redondo é extremamente tenro e tem gordura intramuscular. É aquela peça de qualidade extra. Depois temos a vazia e a alcatra. Muitos dos nossos clientes procuram apenas a vazia porque têm pouca informação, mas nada como falar diretamente com os funcionários do talho para perceber qual é a melhor opção para o que as pessoas pretendem preparar”, explicou.
Para os brasileiros um dos cortes que não pode faltar num churrasco é a picanha, mas fique a saber que existe ainda uma outra opção que apesar de ser pouco conhecida também deve ser tida em conta. “O bico da pá que em inglês se chama iron steak, é desconhecido para 95% dos clientes, mas é ideal para aquelas pessoas que gostam de carnes mais magras. É conhecido por ter um v no meio”, disse.
Os portugueses e os canadianos têm preferências diferentes quando toca a comprar a carne para preparar o barbecue. “O canadiano é mais instruído e pede normalmente um bife mais alto porque gosta da carne mais mal-passada, mas por outro lado o português consome mais carne durante o ano inteiro. Diria que os canadianos são de extremos, na altura do barbecue são capazes de desembolsar mais dinheiro, mas no resto do ano só consomem carne moída”, contou.
Segundo a Statistics Canada, em maio o índice de preços ao consumidor chegou aos 7,7%, a pior inflação dos últimos 39 anos. A carne, sobretudo a vermelha, foi um dos produtos que registou um dos maiores aumentos na lista de produtos alimentares, cerca de 10%. A guerra na Ucrânia que gerou escassez de cereais e provocou o aumento do preço dos combustíveis e dos fertilizantes, foi uma das principais responsáveis pela atual escalada de preços no setor alimentar. Quisemos saber se o atual preço da carne está a mudar os hábitos dos consumidores e como é que o setor se está a preparar para uma eventual recessão económica. “Felizmente no Canadá existem pessoas com um grande poder de compra que vão continuar a consumir o que gostam porque podem pagar. Para os que não têm o mesmo poder de compra a realidade é diferente. Eles já estão a comprar cortes de carne mais em conta e claramente há um aumento de procura por frango e carne de porco. Se o custo de vida continuar a aumentar, o que pode acontecer ainda este ano, esta tendência só se vai agravar e claro que aí vamos ter de comprar menos carne vermelha porque não vamos ter a mesma procura”, antecipou.
Para este empresário o segredo de um bom barbecue é “brasa bem quente, sal grosso e um bom corte de carne. Se puderem comprar carne maturada melhor ainda, mas não é para qualquer bolso”.
Segundo a Statistics Canada, em julho de 2019 cerca de 62% canadianos prepararam refeições no barbecue em média entre uma a três vezes por semana. Cerca de 9% disse que nunca o fez e 7% revelou que o fazia todos os dias. De acordo com uma sondagem da Ipsos 23% dos canadianos acredita que a época de barbecue começa no fim de semana grande do feriado que celebra o nascimento da rainha Victoria e 39% diz que a época de barbecue nunca acaba. A nível de província em Alberta cerca de 87% dos residentes têm barbecue enquanto que em Ontário a percentagem é de 77%.
A autarquia de Toronto tem um conjunto de regras na sua página oficial que deve cumprir sempre que cozinha no barbecue para ter a certeza que não existem acidentes graves no manuseamento do fogo. Manter o barbecue em espaços exteriores com boa ventilação e usar pinças para manter a distância entre a grelha e o fogo são apenas duas delas.
Joana Leal/MS
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