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MDC e IPMA: Ligados pela música

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Com Amália no ouvido a entoar-lhe Viana ao coração, Manuel DaCosta decidiu apostar no mundo da música, com o objetivo de elevar a cultura lusófona da melhor forma possível. Com um assumido amor pela arte, a cultura e a criatividade em geral, é dos empresários portugueses que mais se dedica a dar espaço e criar oportunidades em todos os campos artísticos a que se propõe.

No que à música diz respeito, a aposta em jovens talentos tem sido uma das suas prioridades, através da MDC Music: dar ferramentas àqueles que pretendem correr (ou melhor, trabalhar muito, como ele nos alerta) pelos sonhos que as canções lhes despertam.

Visionário e empenhado em ajudar a construir tais sonhos árduos, o conhecido empresário luso-canadiano decidiu associar-se ao maior evento de promoção da música portuguesa a nível mundial – os Internacional Portuguese Music Awards. Com objetivos bem delineados, Manuel DaCosta pretende impulsionar uma maior internacionalização de um projeto que acontece há 10 anos apenas nos Estados Unidos da América – a meta agora é o resto do mundo.

Milénio Stadium: Que significado tem a música na sua vida?
Manuel DaCosta: A música tem uma importância muito grande na minha vida, tal como acredito que tenha na vida de muitas outras pessoas, porque no fundo é extensão de nós próprios. A música acaba por ser uma demonstração do nosso caráter. O género que gostamos, o que ouvimos, as mensagens que cada canção nos traz: tudo isso se reflete em nós, de muitas formas. Para mim, a música é, principalmente, uma expressão de quem eu sou.

MS: Acha que esta forma de arte pode ser, por um lado, um elemento de ligação entre os portugueses espalhados pelo mundo e, por outro lado, ligar as novas gerações a Portugal?
MDC: Eu acho que é a única maneira de ligar as gerações, dentro e fora de Portugal. Nós somos um povo que está espalhado por todo o mundo e realmente é difícil manter a nossa cultura quando estamos longe dos nossos países, dos países onde nascemos. E essa dificuldade sente-se ainda mais quando se trata das pessoas mais novas. Nós, com uma certa idade, temos por isso a obrigação de promover continuamente a cultura portuguesa, para que não percamos as gerações mais jovens. Claro que a música que as camadas mais novas apreciam nem sempre é muito atraente para pessoas de gerações mais velhas, mas de qualquer forma, desde que a lusofonia seja transmitida, de uma forma ou de outra, em música ou em palavras, já é muito bom. Eu acho que a música ajuda, de facto, a ligar o povo português às suas tradições e cultura.

MS: Como vê o momento atual da música portuguesa?
MDC: Vejo uma mistura muito interessante. Acho que aqueles que, por exemplo, até aqui cantariam músicas tradicionais estão a tentar enquadrar-se noutros estilos – misturando-os. Em Portugal o fado é primordial e atualmente as pessoas que o cantam estão, também elas, a mudar o seu estilo, ou até incluindo outros instrumentos, outros ritmos, transformando o fado em algo mais pop. E aí entram as questões económicas: os artistas procuram atrair uma outra audiência, para que possam atingir um patamar onde consigam algum lucro, porque realmente hoje o estado económico da música é muito mais difícil.

MS: Acha, portanto, que os músicos tentam reinventar-se e reinventar os sons mais tradicionais para atrair mais gente, não é?
MDC: Sim! E para além disso eu acredito que os músicos mais novos, também para atraírem uma audiência maior, que vai investir na sua música, estão a fazer canções que realmente são, na minha opinião, muito direcionadas para aquele público-alvo apenas: os jovens. As músicas têm letras que, por norma, não vão atrair gente de gerações mais velhas. Por isso acredito que, neste momento, haja duas vertentes da música em Portugal: a tradicional e a mais moderna. Há muito por onde escolher, no entanto, acho que não se faz música suficiente para aqueles que realmente podem gastar dinheiro.

MS: Acredita que há ainda muito talento para revelar dentro da música portuguesa?
MDC: Há sempre talento. E também acho que o talento que existe é muito bom. Não sei se consegue chegar a um nível internacional, temos realmente poucos casos de artistas que são reconhecidos no mundo inteiro, mas a nível nacional acho que temos muitos cantores que conseguem chegar a um público abrangente e viver disso.
Há muita gente nova a cantar a nossa música, o que é ótimo sinal. Muitos, como sabemos, cantam em inglês – não sei se isso ajudará a nossa cultura e a manter as nossas tradições, até porque se seguirmos um trajeto onde se canta apenas em inglês, com certeza não irá ajudar. Claro que os artistas podem, assim, atrair muito mais audiência internacional…

MS: Acha que se calhar fazem isso precisamente para atingir esse patamar? Para que se abram as portas do mundo…?
MDC: Sim, exatamente. Penso que é por aí a estratégia, mas ao mesmo tempo, se nós estamos a tentar defender o nosso território musical e tradições, já sabemos que vamos diluir o produto.

MS: Foi por acreditar no talento português espalhado pelo mundo que resolveu que a Camões Entertainment deveria tornar-se parceira dos IPMA?
MDC: Acho que os IPMAs precisavam de uma injeção de internacionalização ao nível de management. Na minha opinião precisavam de ser refrescados e fazer uma expansão, pelo menos na América do Norte, uma vez que estavam, até aqui, apenas focados nos Estados Unidos. A música precisava chegar a mais lugares, ser mais reconhecida e a organização talvez precisasse também de sangue novo para dirigir o futuro. Aqueles que fundaram os IPMAs já estão neste projeto há 10 anos e têm feito um bom trabalho, mas acredito que já havia um certo cansaço. Por isso o Camões Entertainment e a MDC envolveram-se. Temos em mente um futuro com uma expansão à escala global. Talvez fazer o evento no Canadá, fazer o evento em Portugal, fazer eventos noutros países, para que o International Portuguese Music Awards seja realmente internacional. E dessa forma reconhecer a música mundialmente e não é só num país, não só num continente. É por isso que estou envolvido, é esse o meu objetivo.

MS: Então o futuro passa, na sua perspetiva, por uma expansão do projeto, algo mais internacional ainda, certo?
MDC: Sim, tentar trazer cada vez mais artistas com potencial, sejam eles lusófonos ou lusodescendentes, que tenham valores da nossa cultura e que estejam interessados em promover as suas músicas. Seja qual for a parte do mundo onde estejam, aqui têm uma oportunidade para se expor, porque não há realmente outro meio para o fazer, a não ser obviamente através das plataformas digitais. Mas eu acredito que ter uma audiência presencial, num palco que lhes permita mostrar realmente quem são, é uma experiência diferente.

MS: O grupo MDC (através da MDC Music) tem também dedicado muito do seu trabalho à produção e promoção de jovens talentos na música, que balanço faz desse trabalho?
MDC: Estou contente, mas não satisfeito ainda. Acho que temos tido algum sucesso, as pessoas que hoje temos na MDC Music têm, na minha opinião, muito valor. São artistas com muito potencial. Também penso que ainda não sabem o percurso e trabalho que ainda têm de fazer para conseguirem atingir o próximo patamar, para terem o sucesso que é necessário. Tenho tido também algumas tristezas com alguns artistas que já passaram pelo MDC Music e não deram certo, mas a minha filosofia continua igual. Primeiro a educação e depois a música. E, em algumas circunstâncias, os pais têm intervenções que não são necessárias e muitas vezes não ajudam os artistas.
Neste momento, acho que estamos a remar numa direção certa. Acredito que vamos continuar a ter alguns sucessos, mas é preciso muito trabalho, muita dedicação. E isto é um trabalho contínuo e no mundo da música há sempre muitas incertezas, por isso as expectativas são sempre altas, mas têm também de ser sempre moderadas.

MS: Os sonhos podem ser muitos, mas com os pés no chão…
MDC: Os sonhos são mais deles, porque eu nunca vou ser um cantor famoso (risos). Eles é que têm de cantar e empenhar-se muito se quiserem atingir o nível de sucesso profissional que ambicionam. Claro que pensar e fazer são duas coisas diferentes e por isso eu sou aquela pessoa que vou olhar sempre para tudo com expectativas altas, mas nunca esperando muito. Isto não é ser negativo (risos).

MS: Pois não, é ser realista…
MDC: Exatamente (risos).
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Catarina Balça/MS

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