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Matthew Correia: Influenciar pelo exemplo

matthew correia - influencer

Matthew Correia é um conhecido e muito ativo membro da comunidade portuguesa residente em Ontário. Com a sua participação ativa em programas de televisão (como é o caso do Gente da Nossa), com a sua dinâmica intervenção na Federação de Empresários e Profissionais Luso-Canadianos, onde é Special Projects Manager, com o trabalho de voluntariado em inúmeros instituições comunitárias e, recentemente, com particular destaque para o apoio que tem dado ao trabalho desenvolvido pelo Abrigo Centre, no processo de vacinação de grande parte da população falante de português residente na GTA, Matthew Correia é, no entender da equipa do Milénio Stadium um verdadeiro influencer, inspirando muitos outros jovens a participar e dinamizar a atividade cultural da nossa comunidade.

Recentemente, foi eleito Conselheiro da Diáspora Açoriana em Ontário e a sua ação tem ganhado uma outra dimensão. Em poucos meses é já grande a atividade que, graças ao seu dinamismo e proatividade, tem enriquecido e valorizado a cultura açoriana em Ontário.

Milénio Stadium: O Matthew foi um dos influencers escolhidos pela última edição do Milénio Stadium – não só pelo que faz de forma a influenciar a comunidade portuguesa, mas a comunidade que o rodeia de uma forma geral. O que representou para si essa indicação?
Matthew Correia: Confesso que foi uma surpresa agradável, porque eu não estava nada à espera de ver o meu nome numa categoria tão importante ao lado de outros grandes nomes que são referências minhas até, mas claro que é sempre gratificante quando somos reconhecidos pelo nosso trabalho. Eu tenho-me empenhado desde tenra idade em várias áreas – desde a comunicação social, ao empreendedorismo, ao associativismo, etc. e sempre me dediquei por amor à camisola e com muita humildade, e não estou à procura de elogios ou galardões, nem sequer muitas das vezes sou recompensado financeiramente pelo meu trabalho (ao contrário de outros grandes “influencers” nacionais e internacionais). Por isso o meu agradecimento a quem me nomeou porque demonstra para mim, afinal, que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena.”

MS: De que modo é que se relaciona a comunidade portuguesa?
MC: Eu reparei logo que eu fui uma das poucas pessoas na lista de ‘influencers” que lido e vivo diariamente com a comunidade portuguesa e isso, de facto, foi um orgulho para mim ser considerado um “influencer” na comunidade que me acolhe e na sociedade em geral, e que também traz consigo uma responsabilidade ainda maior. Eu já estou envolvido na comunidade portuguesa há mais de duas décadas e foi através da comunidade que eu cheguei a ser quem eu sou hoje (se calhar um dos rostos mais conhecidos da nossa comunidade através do programa televisivo “Gente da Nossa”). Participo com muita frequência nas atividades dos nossos clubes e associações, sou dançarino e o atual Presidente do Grupo Folclórico Pérolas do Atlântico da Casa dos Açores do Ontário, sou Diretor de Relações Públicas do Graciosa Community Centre de Toronto, já participei numa Dança de Carnaval, já fui Mordomo do Espírito Santo… enfim, orgulho-me pela cultura, música, gastronomia e tradições portuguesas e de poder celebrar Portugal no Canadá.

MS: O que acha que pode ser feito para a afirmação de mais portugueses na sociedade canadiana?
MC: A nível de todas as profissões, existem portugueses ou descendentes lusos e em altos níveis profissionais. O que acontece na maioria das vezes é que estes profissionais se desviam um pouco da sua comunidade para se poderem focar nos seus trabalhos profissionais. No meu ver, isto é errado e devíamos ter mais exemplos de luso-canadianos bem-sucedidos a servirem de mentores para a nossa juventude. Porém, eu também acho que enquanto comunidade, devemos ser mais unidos e apoiar os jovens para que os mesmos possam ser futuros líderes e ter futuros profissionais na sociedade em geral e incutir neles o orgulho por serem portugueses. Eu acho que se não cortarmos o mal pela raiz hoje, e mudar certas mentalidades antiquadas, vamos acabar por perder muita gente capaz de fazer coisas e dar continuação à comunidade. É triste ouvir alguns dos meus amigos e conhecidos que, quando eu pergunto porque é que eles não se envolvem na comunidade, me respondem “que existe muita política e desigualdade” e acabam por afastar-se, lamentavelmente. Por isso, tem sido a minha missão como “influencer” mudar isso e mostrar-lhes o lado positivo. Tudo é possível, nada é impossível.

MS: Quais são as marcas em que o Matthew sente o que é ser português no seu dia a dia?
MC: Para mim eu tenho uma Lista Top 4: a língua, a família, a música e a gastronomia e vou explicar porquê. Primeiro, o que me afirma como português, é poder comunicar fluentemente na língua de Camões. Eu nasci aqui no Canadá e a minha família é oriunda de São Miguel, Açores. Quando eu comecei muito jovem na comunidade eu não falava muito bem o português, e eu quis – por minha vontade própria – aprender, e foi o que fiz sozinho (nunca tive aulas de português), mas sempre tive uma grande ajuda dos meus pais e avós, e de alguns professores mentores ao longo dos anos. Falando o português, tem sido uma das minhas maiores vantagens na vida, e abriu muitas portas para mim a nível profissional e pessoal. Como filho único, sou muito chegado aos meus pais e avós, que sempre me apoiaram em tudo e incutiram em mim valores de respeito, de amor, de fé, de paciência, de “fazer o bem sem olhar a quem” e proporcionaram-me oportunidades afortunadas. A música, principalmente o folclore, porque eu fui embalado ao som da Viola da Terra e do pézinho, por isso gosto muito de dançar uma chamarrita ou uma pimba e viver momentos de alegria com amigos à volta da música. Por último, a gastronomia, porque quem olha para mim nota que eu sou bom garfo, e que um dos meus maiores prazeres da vida é viajar para Portugal e poder deliciar-me com uma boa mariscada, cozido das Furnas, ou um prato tradicional de bacalhau (de preferência à brás). A Amália dizia e muito bem: “Numa casa portuguesa fica bem, pão e vinho sobre a mesa”… e foi sim em casa dos meus avós que eu aprendi, desde muito cedo, a confeccionar chouriços e morcelas caseiros, a fazer biscoitos e folares e apreciar a nossa rica gastronomia portuguesa.

MS: Foi nomeado recentemente como Conselheiro da Diáspora Açoriana em Ontário. Que balanço faz destes primeiros meses e quais são os projetos futuros?
MC: Tem sido uma experiência muito agradável desde que eu fui eleito em Junho de 2021. Derivado à pandemia não foi possível realizar muito durante o primeiro ano, mas no passado mês de março tivemos a primeira reunião plenária do Conselho da Diáspora Açoriana que foi muito produtivo e passei a conhecer os outros colegas conselheiros pelo mundo para podermos trocar ideias e, a partir de agora, por mãos à obra. Mais recentemente, tive o prazer de receber e organizar a primeira visita oficial do Presidente do Governo Regional dos Açores ao Canadá, Dr. José Manuel Bolieiro, e ele disse-me que ficou deveras encantado com o trabalho e atividades desenvolvidas pela comunidade açoriana no Ontário e creio que não será a última vez que ele nos visitará. Também na qualidade de Conselheiro e por me encontrar presentemente de férias nos Açores, estou a organizar conjuntamente com a Associação de Emigrantes Açorianos, o içar da bandeira canadiana nas Câmaras Municipais de Ponta Delgada e Ribeira Grande, por ocasião do Dia do Canadá, no dia 1 de julho. Tenho outros projetos em mente, mas o futuro dirá.

MS: O que podemos esperar do seu futuro a nível profissional?
MC: Eu costumo viver o dia a dia, sem fazer planos a longo prazo. Continuo a fazer eu que eu mais gosto e ajudar onde achar que posso ser útil, dando sempre o melhor de mim. A televisão é a minha paixão e eu tenho sido muito bem recebido pelos telespectadores ao longo de mais de uma década, e creio que este será o meu objetivo profissional, mas como tudo o futuro dirá. O que está certo, é que eu sou um sonhador… e sonhos e talento nunca me faltarão.

MS: Na sua opinião, por onde passará o futuro da comunidade portuguesa residente em Ontário?
MC: Pela evolução dos tempos, não podemos pensar que a comunidade será como era ou é, os tempos mudam e temos de acompanhar a evolução. Os meus pais na minha idade, jamais imaginavam ter um telemóvel na algibeira, e hoje com a internet, tudo é muito mais fácil e à distância de um clique. Repito o que eu acima referi, temos que continuar a apoiar os jovens de hoje e incentivá-los para que os mesmos possam ser os futuros líderes de amanhã, seja no setor privado, público ou comunitário. Temos que continuar a ser uma comunidade acolhedora… e parar com interesses, politiquices, e rivalidades. Afinal, como diz o velho ditado “a união faz a força”. Estou confiante que se assim o fizermos, teremos um futuro risonho.

Catarina Balça/MS

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