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Jornais franceses destacam “vitória histórica” de Macron, mas “tudo continua por fazer”

milenio stadium - macron

 

Os jornais franceses destacam, esta segunda-feira, a “vitória histórica” de Emmanuel Macron, que foi reeleito com 58,54% dos votos, mas alertam que “tudo continua por fazer” e que os seus adversários estão a “preparar a desforra” nas legislativas de junho.

No dia a seguir à segunda volta das eleições presidenciais francesas – onde Emmanuel Macron foi reeleito com 58,54%, e Marine Le Pen registou 41,46% – o jornal de direita “Le Figaro” puxa para a manchete uma imagem do presidente reeleito, visivelmente emocionado, durante o discurso de vitória no Champ de Mars, à frente da Torre Eiffel, onde decorreu a sua noite eleitoral.

No título, lê-se “Grande vitória, grandes desafios”, e sublinha-se que Emmanuel Macron alcançou uma “vitória histórica”: “Nunca, na Quinta República, um Presidente tinha conseguido ser reeleito sem ter passado por uma coabitação governativa”.

“Na aparência, é uma apoteose”, refere o editorial do jornal. “Mas, na verdade, a estátua de mármore é um gigante com pés de barro. Emmanuel Macron sabe bem, desde ontem [domingo] à noite, (…) que, na hora do seu triunfo, nunca esteve tão vulnerável. Não irá beneficiar de nenhum estado de graça e os problemas não vão esperar para que tome posse antes de se abaterem sobre ele”, lê-se.

O jornal católico “La Croix” faz a mesma constatação. Na manchete – uma imagem de Macron a acenar num comício de campanha, sob fundo escuro – lê-se que “tudo continua por fazer”. O sufrágio de domingo, segundo o jornal, “expôs fraturas profundas a que Macron deverá agora responder”.

“Nada seria mais ilusório do que uma reação de alívio. (…) Apesar de ser um resultado claro e incontestável, resulta também – como em 2017 e 2002 [as duas vezes que a extrema-direita passou à segunda volta das eleições presidenciais francesas] – de uma conjuntura política preocupante, que levou a que muitos eleitores votassem com relutância”, lê-se no jornal.

Há “raiva, amargura e frustração” que sai das urnas, diz o “La Croix”, a que o diário popular “Le Parisien-Aujourd’hui en France” acrescenta “pressão”. “Um mandato para unir”, lê-se num dos artigos do jornal, que, na análise aos resultados, refere que Macron conseguiu “exceder-se junto dos mais velhos”, mas Le Pen ultrapassou largamente o presidente reeleito no que se refere às “classes populares” e à “França insatisfeita”.

Apesar das análises demográficas do eleitorado, o diário de esquerda “Libération” interroga-se no título: “Macron reeleito, obrigado a quem?”. Segundo o jornal, apesar de ser o “grande vencedor”, o presidente reeleito “deve a sua vitória a um sobressalto democrático dos franceses, que se mobilizaram para contestar uma extrema-direita mais forte do que nunca”.

“Um país fraturado, o essencial preservado”, rima o “Libération” no seu editorial, em que se refere que, durante o seu primeiro mandato, Macron “não atacou as raízes do mal-estar francês” e deverá agora provar que “não é o Presidente dos ricos, mas sobretudo daqueles que têm o sentimento de terem sido deixados para trás”.

Como que para avisar Macron da contestação com que irá ter de lidar nos próximos cinco anos, a capa do jornal comunista “l’Humanité” mostra um boletim de voto de Marine Le Pen amarrotado e com a mensagem “vencida”, mas, sob um fundo azul onde se desenham vultos de centenas de manifestantes, lê-se: “Agora, combater Macron”.

O jornal aponta especificamente para as próximas eleições legislativas, a 12 e 19 de junho, como as datas para o presidente reeleito sofrer “a humilhação eleitoral que merece”: “O que a eliminação da esquerda tornou impossível nas presidenciais, as legislativas devem permitir”, diz o jornal, apelando a que as esquerdas se unam no próximo sufrágio.

Vai ser a “terceira volta política e social”, converge a edição digital do jornal “Le Monde” – que só é publicado, em papel, à tarde. O vespertino frisa que Macron tem agora a tarefa de “reunir o seu campo para conseguir uma maioria estável, numa altura em que aparecem os primeiros riscos de divisão entre as diferentes sensibilidades que compõem a sua base”.

É um prognóstico partilhado pelos jornais: apesar de ser “difícil perceber como é que uma vitória poderia escapar a Macron nas legislativas”, Marine Le Pen e o candidato da esquerda radical Jean-Luc Mélénchon “já estão a preparar a desforra” nas próximas legislativas, como refere o “Aujourd’hui en France”.

Com uma extrema-direita que “conquistou território a Macron” e que sonha em ser “a primeira oposição” ao presidente francês, a que acresce ainda uma abstenção recorde de 28,01% – a mais alta na história da Quinta República -, o “Figaro” indica que a França assiste a um estado de “decomposição política avançado”, cuja “fase de recomposição” só deverá iniciar-se nas próximas eleições presidenciais, em 2027.

Até lá, o jornal aponta para o dia 13 de maio, data em que acaba o primeiro mandato de Emmanuel Macron. Antes dessa data, numa cerimónia que irá decorrer no palácio do Eliseu, Macron irá tomar posse para o seu segundo mandato, retomando os passos que só François Mitterrand e Jacques Chirac conseguiram dar: a reeleição.

O centrista Emmanuel Macron foi no domingo reeleito presidente de França, obtendo 58,55% dos votos na segunda volta das eleições, contra 41,45% de Marine Le Pen, a candidata de extrema-direita, segundo resultados oficiais definitivos divulgados hoje pelo Ministério do Interior francês.

Em 2017, a primeira vez que os dois se enfrentaram nas eleições presidenciais, Emmanuel Macron venceu com 66,10% dos votos, contra 33,90% de Marine Le Pen, ou seja com uma vantagem significativamente mais clara do que nas eleições de domingo.

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