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Eucaliptos

Terra Viva

O eucalipto é uma árvore originária da Austrália. A sua massiva plantação no resto do mundo deu-se a partir do século XIX. Devido ao seu crescimento rápido e múltiplas utilizações, a sua exploração revela-se uma das mais rentáveis para quem explora – mas será rentável para a Terra e para o seu futuro?

Conforme dados do ano 1999, as maiores produções de eucalipto situam-se na Brasil (3 milhões ha), Índia (1 milhão ha), China(0,6 milhão ha), Portugal (0,55 milhão ha), África do Sul (0,477 milhão ha), Espanha (0,396 milhão ha), Etiópia (0,25 milhão ha), Marrocos (0,2 milhão ha), Chile (0,17 milhão ha) Australia (0,125 milhão ha) e Tailândia (0,1 milhão ha).

Foi introduzido, por exemplo, na Califórnia em meados do século XIX, estando presente em muitos dos parques da cidade de San Francisco e noutras cidades do litoral daquele estado. A partir do seu uso ornamental, espalhou-se, sendo hoje considerada uma espécie invasora devido à sua capacidade para se implantar rapidamente nos habitats de clima mediterrânico, substituindo a vegetação original. Nesse sentido, tem-se vindo a proceder na Califórnia à sua completa erradicação do solo.

Também em Portugal esta árvore se comporta como uma espécie invasora embora nenhuma medida de erradicação tenha sido levada a cabo sobretudo devido ao valor económico da espécie. Contudo, dado que o eucalipto consegue absorver grandes quantidades de água no verão, apresenta vantagem competitiva sobre as demais espécies vegetais, com consequências nefastas para a biodiversidade das florestas. Outra polémica em torno desta espécie prende-se com os fogos florestais, um flagelo recorrente em Portugal na época de verão. De facto, os eucaliptos encontram-se entre as espécies que mais iniciam e propagam fogos florestais, e, simultaneamente, fazem parte das espécies mais resistentes ao fogo.

É possível que em Portugal muitos dos fogos florestais suspeitos de serem originados por queimadas ou incêndios criminosos sejam na realidade resultado da autocombustão dos óleos voláteis libertados pelo eucalipto, especialmente nos dias de calor mais intenso e nos locais com maior concentração de eucaliptos.

A vegetação original de Portugal, ou seja autóctone, era maioritariamente constituída por espécies resistentes ao fogo, o seu crescimento era lento, e por tal facto, o impacto nos solos e nas fontes de água era reduzido simultaneamente protegendo-os, sendo uma vegetação natural e favorável à existência da biodiversidade de fauna e flora.

Apenas por curiosidade… Existe a ideia de que as caravelas dos Descobrimentos foram construídas com árvores retiradas do Pinhal de Leiria, no entanto essa ideia é incorreta, tendo sido produzidas a partir da madeira de carvalhos essencialmente recolhidos na Serra de Aire e Candeeiros e na Serra de Sicó.

A simplicidade biológica própria da monocultura quando comparada à diversidade e riqueza de uma floresta nativa é absolutamente inferior.

Isso sugere que a substituição de florestas nativas por plantações florestais a título de reflorestação seja um contrassenso, em termos ambientais, sociais e até económicos, dos diversos bens materiais e imateriais (paisagem, fármacos, potencial genético, contacto com a natureza, lazer) fornecidos pelas matas naturais.

As nossas árvores continuam a desaparecer e o eucalipto a avançar. O resultado financeiro imediato não justifica o prejuízo económico a médio/longo prazo, nem o colapso ambiental.

Devemos tentar plantar e semear árvores que sejam próprias da nossa zona – até os animais precisam delas, não conheço nenhum animal típico do Continente Europeu ou do Continente Americano que se alimente de qualquer parte do eucalipto.

A ambição produtiva do Homem colide com a saúde da Terra, e como se costuma dizer… “Cá se fazem, cá se pagam”!

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