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Crise no Sudão obriga crianças a trabalhar e a saltar refeições

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Sudanese from the eastern Beja region block the main road of Port Sudan, 120 km west of the port, on October 5, 2021 as an act of protest against sections regarding the eastern region of Sudan in the Juba Peace Agreement, signed between rebel groups and the government in October last year. – When Sudan signed a historic peace deal last year, it was hoped it would end decades of war in the west and south — but instead it sparked unrest in the east. Some in the gold-rich but impoverished east felt the October 2020 deal with a coalition of rebels, from the western Darfur region and two southern states, had left them out. (Photo by ASHRAF SHAZLY / AFP)

 

A crise económica e humanitária no Sudão está a obrigar as crianças a trabalhar longas horas e a saltar refeições, alertou, esta quarta-feira, a organização Save the Children, depois de elevar em 50 mil o número de crianças com malnutrição.

Em comunicado, a organização não-governamental com sede em Londres relata o caso de Montaser, um rapaz de 14 anos que vende doces no mercado em Cartum todas as tardes. Aquilo que ganha, o equivalente a dois ou três euros, entrega à sua mãe, Ihasan, para ajudar no sustento da família.

“Todos os dias depois da escola vou para o mercado vender doces. Sinto-me muito cansado. Venho para casa às 22 horas depois do trabalho. A minha mãe tem de me acordar de manhã. Não tenho tempo para mais nada além do trabalho e da escola. Nunca brinco”, disse Montaser, citado no comunicado.

A vida de Montaser e da sua família complicou-se desde há sete anos, depois da morte do seu pai e do início da crise financeira que fez subir a inflação para os níveis mais elevados do Mundo.

Segundo a Save the Children, é só mais um exemplo das dificuldades com que, todos os dias, as crianças sudanesas se deparam num país onde as tensões políticas e económicas fizeram aumentar os níveis de fome.

Ihasan, de 42 anos, e a filha Ibtihaj são o retrato de mais uma família em dificuldades que tenta agarrar todas as oportunidades de trabalho que surgem, mas na maioria das vezes só conseguem dinheiro suficiente para uma refeição por dia e não se podem dar ao luxo de outras coisas essenciais, como fazer reparações na casa, comprar roupa ou material escolar.

Estima-se que “no próximo ano, quase 10 milhões de pessoas no Sudão enfrentarão uma luta diária para terem comida suficiente, entre eles mais de cinco milhões de crianças”, alertou o diretor da Save the Children no país, Arshad Malik, citado no comunicado.

“A situação é crítica. Famílias como a de Montaser precisam de mais e melhores programas de proteção social para terem comida na mesa, educação de qualidade e empregos seguros e gratificantes para os pais”, disse o responsável, que apelou ao Governo sudanês para que forneça mais programas de proteção, e à comunidade internacional para que apoie financeiramente estes programas, com um papel tão crucial no desenvolvimento das futuras gerações e na redução das disparidades sociais, ao facilitar o acesso à educação, e na recuperação pós-pandemia.

JN/MS

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