BlogPortugal

Comissão que investiga abusos sexuais na Igreja já recebeu 214 depoimentos

MILENIO-STADIUM-ABUSOS-IGREJA-PORTUGAL
Barcelos, 28 / 04/ 2016 –
Realizou-se esta tarde a inauguração dos tapetes de Pétalas Naturais Templo do Senhor do Bom Jesus da Cruz.
( Gonçalo Delgado / Global Imagens )

 

A Comissão que investiga abusos sexuais de menores na Igreja portuguesa está a trabalhar há um mês e já recebeu mais de duas centenas de depoimentos. Pode haver uma “diferença considerável” entre casos reportados e o número real.

Um mês depois do início de atividade, a Comissão Independente para o estudo de abusos sexuais de crianças na Igreja Católica portuguesa já recolheu 214 depoimentos, através de telefonemas, entrevistas presenciais e do preenchimento do inquérito online produzido para o efeito.

A informação, divulgada em comunicado pela entidade presidida pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, dá conta de que os casos abrangem vítimas nascidas entre 1993 e 2006, ou seja, com idades entre os 29 e os 15 anos, “de todos os grupos sociais e níveis de escolaridade” e originárias de todas as regiões do país, tanto urbanas como rurais, do continente e regiões autónomas. Existem ainda testemunhos de portugueses que hoje residem fora do país, como no Reino Unido, Estados Unidos da América, Canadá, França, Luxemburgo e Suíça.

Sofrimento “escondido durante décadas”

A Comissão estima que haja uma “diferença considerável entre a quantidade de casos diretamente validados e outros tidos como existentes ou muito prováveis”, tendo em conta que, em muitos dos testemunhos, as vítimas não só descrevem o que lhes aconteceu “como frequentemente apontam o conhecimento ou a forte probabilidade de, naquelas circunstâncias de tempo e espaço, outras crianças terem sido vítimas do mesmo abusador”.


MORE


Em alguns dos casos, refere o comunicado, os depoimentos “cruzam informação, o que naturalmente reforça a credibilidade dos testemunhos”.

“Os relatos descritos revelam sofrimento psíquico individual, familiar e social, por vezes escondido durante décadas e, em muitas circunstâncias, até ao momento deste depoimento tido como o primeiro a romper com o silêncio”, pode ler-se no comunicado, que acrescenta que esse sofrimento se associa “a sentimentos de vergonha, medo, culpa e autoexclusão, reforçando a noção de vidas em cujos trajetos a sensação de ‘estar à margem’ foi uma constante”.

Envolvimento de estruturas e instituições sociais

Tendo em conta o “elevado número de respostas por inquérito online”, a Comissão verifica que “a divulgação do estudo pode não estar a chegar a certas franjas da população, nomeadamente as que vivem em margens sociais, culturais e económicas, infoexcluídas e no que frequentemente se refere como o ‘país profundo'”. Por essa razão, a entidade já contactou estruturas e instituições sociais que são capazes de chegar a essas pessoas com maior proximidade e com quem estão a ser estabelecidas “pontes de diálogo no sentido de melhor aprofundar o estudo”.

Ainda dentro deste âmbito, seguirá em breve uma carta dirigida a todos os municípios portugueses, para que reforcem a mensagem da Comissão, “que nunca divulgou ou divulgará publicamente nomes de vítimas, abusadores ou locais de abuso.”

A Comissão Independente continua a apelar a todos os que possam ver utilidade no seu testemunho que contactem a entidade através das várias vias disponibilizadas no site darvozaosilencio.org.

JN/MS

Redes Sociais - Comentários

Artigos relacionados

Back to top button

 

O Facebook/Instagram bloqueou os orgão de comunicação social no Canadá.

Quer receber a edição semanal e as newsletters editoriais no seu e-mail?

 

Mais próximo. Mais dinâmico. Mais atual.
www.mileniostadium.com
O mesmo de sempre, mas melhor!

 

SUBSCREVER