Mais de 150 pessoas confessaram ter participado na invasão ao Capitólio, há um ano. Comissão de investigação quer respostas até ao verão.
O maior ataque à democracia dos EUA ainda está envolto num grande mistério e, até agora, foram aplicadas poucas penas. Um ano depois, existem muitas pontas soltas e várias questões por responder. Uma coisa é certa: o ataque ao Capitólio não foi um ato isolado e, muito menos, um episódio espontâneo.
Cinco mortos, 140 feridos e mais de 700 processos-crime resultaram da violenta invasão que foi planeada minuciosamente pela ala radical republicana, e está agora a ser investigada por uma comissão especial da Câmara dos Representantes. Caso seja provado que Trump esteve por trás de toda a conspiração que deu origem ao ataque, o ex-presidente arrisca um processo criminal.
As tentativas para comprovar a fraude eleitoral não foram comprovadas e, a 7 de janeiro, o então vice-presidente Mike Pence formalizou a vitória de Joe Biden, contrariando a vontade do antigo líder.
Os agentes federais iniciaram as investigações no próprio dia em que ocorreu o assalto ao Capitólio. Na tentativa de apurar responsabilidades, as autoridades analisaram redes sociais, vídeos e verificaram denúncias anónimas. Este trabalho é “uma das maiores investigações da história do FBI”, explica Lorenzo Vidino, diretor do “Programa sobre Extremismo” da George Washington University, à AFP.
Corrida contra o tempo
A comissão, que até agora interrogou quase 300 pessoas, deverá apresentar o primeiro relatório preliminar no verão, antes das eleições intercalares que se realizam em novembro de 2022, altura em que os republicanos irão tentar recuperar o controlo da Câmara de Representantes e do Senado para limitar as ações do presidente democrata.
Mas para isso, é preciso ultrapassar os vários obstáculos que estão a ser levantados pelo antigo presidente. Recentemente, Trump invocou o “privilégio do poder executivo” para impedir que os documentos com informações sobre o que se passava na Casa Branca aquando do ataque não fossem transmitidos à comissão. A equipa jurídica de Trump tem argumentado que a divulgação de conversas e documentos poderá prejudicar o discurso e discussão para futuras administrações. Contudo, em dezembro, um tribunal federal negou o recurso.
Até agora, os esforços da justiça permitiram que mais de 700 pessoas fossem indiciadas por vários crimes, mas esta é uma lista que não para de crescer. O FBI acredita que mais de dois mil indivíduos estiveram envolvidos no episódio violento.
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