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Campeonato do Mundo/2026: Toronto, Edmonton e Vancouver na corrida

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Toronto está a considerar gastar mais de $290 milhões para acolher alguns jogos do Campeonato do Mundo de 2026 quando o torneio chegar à América do Norte em 2026. O presidente da Câmara da maior cidade do país acredita que o evento é capaz de colocar 307 milhões de dólares na economia local. A proposta surge numa altura em que a febre do futebol está no seu auge em Toronto. A equipa nacional masculina do Canadá qualificou-se recentemente para o Campeonato do Mundo deste ano com uma vitória emocionante sobre a Jamaica no BMO Field. É a primeira vez desde 1986 que o Canadá participará no torneio e várias das estrelas da equipa são da área GTA. Esta semana procurámos saber junto da ministra federal do Desporto se Otava mantem o compromisso de financiar parte deste tipo de eventos.

A candidatura de Toronto segue-se a uma proposta apresentada pelo Canadá, México e EUA para receberem conjuntamente o torneio de 2026. A proposta foi aceite em 2018 e se Toronto for selecionada, pode acolher até cinco dos 10 jogos que espera que o Canadá venha a acolher.

Os governos federal e provincial devem cobrir dois terços do montante, ou cerca de $177 milhões de dólares, um acordo semelhante ao de acolher os Jogos Pan-Americanos de 2015. A FIFA deve selecionar as cidades que irão acolher o torneio em maio, e em 16 cidades norte-americanas são esperados 80 jogos.

Mas Toronto não é a única cidade na corrida para ser uma das anfitriãs do Campeonato Mundial de 2026. Edmonton também já revelou que está disposta a investir $110 milhões de dólares no torneio e prevê um impacto económico de $750 milhões de dólares na economia. Vancouver diz que vai investir $5 milhões de dólares para acolher os jogos do Campeonato do Mundo de futebol de 2026. Mais do triplo dos $1,5 milhões que gastou para acolher os jogos do Campeonato do Mundo de Futebol Feminino de 2015.

Montreal também tinha apresentado uma proposta, mas a cidade de Quebec acabou por desistir da corrida em julho de 2021. Na terra onde o hóquei é rei, parece que o futebol começa agora a ganhar mais interesse e isto pode ser uma vantagem para a hotelaria, restauração e e turismo em geral.

O Qatar vai receber o Mundial de futebol de 2022 de 21 de novembro a 18 de dezembro. Apesar de pequeno o Qatar é um país muito rico graças às suas reservas de petróleo e de gás natural que representam mais de 50% do seu PIB. No Qatar residem cerca de 2,8 milhões de habitantes e o país é um dos poucos do mundo em que as pessoas não pagam impostos. Segundo a Amnistia Internacional o país regista várias violações de direitos humanos e relatos de escravidão são comuns entre a mão de obra pouco qualificada que vem sobretudo da Ásia e África. Muitos dos estádios que vão receber o Mundial de futebol deste ano foram construídos por estes trabalhadores. Num país com pouca tradição de futebol e que nunca se qualificou para o Mundial, foi com surpresa que a candidatura do Qatar venceu a de países como EUA, Austrália, Coreia do Sul e Japão.
No sorteio da fase de grupos que aconteceu na semana passada o Canadá ficou no grupo F com a Bélgica; Croácia; Marrocos; o Brasil no grupo G com Suíça; Sérvia e Camarões e Portugal no grupo H com Uruguai; Coreia do Sul e Gana.

Abaixo publicamos uma entrevista com a ministra federal do Desporto, Pascale St-Onge, que foi realizada antes de o orçamento federal ser apresentado na quinta-feira (7). A ministra disse que acreditava que a qualificação da equipa masculina para o Campeonato Mundial de Futebol de 2022 no Qatar ia trazer mais jovens para a atividade física, que tinha caído durante a pandemia, sobretudo nas raparigas.

Sobre a candidatura de três cidades canadianas para receberem alguns dos jogos do Mundial de Futebol de 2026, St-Onge reiterou que o governo federal “apoia as cidades no trabalho que estão a fazer” e mantém o compromisso de financiar até 35% do custo total do evento.

No futuro uma das prioridades de Pascale St-Onge é eliminar a cultura tóxica que existe no desporto canadiano. “Desde a minha nomeação, mais de oito relatos de abuso ou maus-tratos foram apresentados por atletas ou grupos de atletas”, afirmou. A nomeação da primeira Comissária canadiana para a Integridade do Desporto é apenas a primeira medida de um conjunto que o governo federal está a preparar para ajudar a resolver este problema.

Milénio Stadium: O Canadá qualificou-se na semana passada para o Campeonato Mundial de Futebol de 2022 no Qatar. Acredita que esta qualificação irá aumentar o interesse por este desporto no país?
Pascale St-Onge: Sim, com certeza. O futebol é o desporto mais praticado e acessível no Canadá.
No entanto, nos últimos dois anos, muitos jovens cessaram a atividade física como resultado das diretrizes sanitárias relacionadas com a pandemia de Covid-19. O que me preocupa é que as raparigas e mulheres jovens já praticam a níveis mais baixos de desporto do que rapazes e homens jovens. Com a pandemia, esta diferença aumentou, uma em cada quatro raparigas não está disposta a regressar ao desporto. Com o sucesso da equipa feminina nos Jogos Olímpicos e agora com a equipa masculina a qualificar-se para o Campeonato Mundial de Futebol de 2022 no Qatar, espero realmente que eventos como estes tragam os jovens de volta à atividade física.

MS: Toronto quer ser coanfitrião do Campeonato do Mundo em 2026. Apesar do elevado preço do acolhimento, o pessoal da cidade acredita que o torneio iria colocar mais de 300 milhões de dólares de volta na economia local. Se aprovado, qual é a percentagem destes custos que poderia ser coberta pelo governo federal?
PSt-Onge: Sabemos que estão em curso esforços consideráveis para completar planos e estimativas em todas as potenciais cidades anfitriãs canadianas. O nosso governo apoia as cidades no trabalho que estão a fazer para serem selecionadas como cidades-sede do Campeonato do Mundo. De acordo com a política de acolhimento, a contribuição do governo federal seria até 35 por cento do custo total do evento e até 50 por cento da contribuição total do setor público. O Governo comprometeu-se até $4,3 milhões de dólares para o Canada Soccer pelo seu apoio às cidades no desenvolvimento dos planos para o evento.

MS: Qual é a sua prioridade enquanto ministra do Desporto?
PSt-Onge: A minha prioridade como ministra do Desporto é a segurança dos nossos atletas e o estabelecimento de um mecanismo independente.

MS: Ultimamente temos ouvido falar muito sobre a cultura tóxica nos desportos canadianos. Que medidas o governo vai tomar para ajudar a eliminar este problema?
PSt-Onge: Na passada quinta-feira (31), encontrei-me com representantes de organizações de atletas e organizações desportivas que trabalham a nível nacional. Na reunião, o meu secretário parlamentar, Adam van Koeverden, juntou-se a mim. Esta reunião foi para dar o tom e comprometer-me a apresentar soluções eficazes e duradouras relativamente a abusos e maus-tratos no desporto. Desde a minha nomeação, mais de oito relatos de abuso ou maus-tratos foram apresentados por atletas ou grupos de atletas. Isto é uma crise e temos de a reconhecer como tal. Trata-se de um problema colectivo que só pode ser resolvido por uma solução coletiva. Foi e por isso reuni atletas e organizações desportivas. A conversa vai continuar esta sexta-feira (8) com uma mesa-redonda de atletas e vamos ter maismconversas. O trabalho que tem sido feito pelos meus antecessores, a comunidade desportiva e pelos atletas é essencial. Quero continuar e ir mais longe. Acredito firmemente que a única forma de alcançar os resultados necessários é trabalhar em conjunto e envolver os nossos atletas. Trata-se de diálogo e de ação. Durante essa reunião, estou confiante que alcançámos um novo marco e que estamos todos a empurrar para os mesmos resultados. Este é uma momento chave. Em termos de ações tangíveis, a Comissão de Atletas do COC pediu-me que acelerasse a implementação do mecanismo independente que será fornecido pelo SDRCC (Sport Dispute Resolution Centre of Canada), e que o tornasse obrigatório para todas as organizações desportivas nacionais que recebem financiamento federal. É exatamente isso que pretendo fazer. Isto será feito de uma forma que também funcione para as nossas organizações desportivas e durante um período de transição. Ao avançarmos para o nosso objectivo comum de um sistema desportivo canadiano livre de assédio, abuso, discriminação ou maus-tratos, atingimos um passo crítico: Sarah-Ève Pelletier, a primeira Comissária canadiana para a Integridade do Desporto, foi nomeada. Juntos, devemos construir uma abordagem que funcione para e com os atletas. A partir de 1 de abril, os atletas a nível nacional têm acesso a mais serviços oferecidos pelo Sport Dispute Resolution Centre of Canada (SRDCC). As vítimas podem ligar para a linha de ajuda desportiva para acederem a estes serviços (www.abuse-free-sport.ca). Mais serviços, e uma imagem mais completa do mecanismo independente, estarão disponíveis nas próximas semanas.

Joana Leal/MS

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