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Auxiliar de escola de Odivelas suspensa após agredir menino autista

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Uma assistente operacional da Escola Básica Manuel Coco, em Odivelas, deu um estalo a um menino autista, de sete anos, deixando-o a sangrar do nariz, depois de ele se recusar a comer e lhe ter dado um pontapé.

A mãe do aluno foi informada pela escola da agressão, mas só veio a saber que a bofetada provocou sangramento por uma mãe de outro aluno e quando viu sangue na camisola da criança, facto que “terá sido ocultado”. A mãe, Maria Venâncio, já apresentou queixa-crime na PSP. A Câmara de Odivelas assegura que a funcionária não voltará a trabalhar em escolas públicas do concelho.

Maria Venâncio não queria acreditar quando, há uma semana, lhe ligaram da escola do filho, que frequenta o 1.º ano, a comunicar que este teria tido um desentendimento com uma auxiliar durante a hora de almoço que culminou em agressões físicas. Esta terá tentado forçá-lo a comer um segundo prato, além da sopa, e a criança reagiu dando-lhe um pontapé.

“Ele é seletivo com os alimentos, é uma caraterística do espetro de autismo, e na escola sabem disso. Quando a auxiliar o forçou a comer ele ficou muito nervoso, perdeu o controlo emocional e deu-lhe um pontapé. Ela reagiu dando-lhe uma bofetada”, conta ao JN incrédula.

O relato foi feito pela coordenadora da escola que “fez um pedido de desculpas” aos pais e garantiu que a auxiliar seria transferida para outra instituição de ensino. “Preocupou-me logo ela continuar em contacto com crianças e não ser afastada. Perguntei porque não era afastada do sistema de ensino em vez de ser transferida”, recorda Maria Venâncio. Mas o pior ainda estava para vir.

“Quando ele saiu da escola vinha cabisbaixo, mas tinha o rosto limpo, sem vestígios de sangue. Foi aí que a mãe de outra criança, que também estava a sair da escola, disse-me que o filho dela viu que a bofetada provocou sangramento nasal. Nem queria acreditar”, conta. Maria Venâncio acabou por verificar depois, em casa, que a criança tinha sangue na camisola por baixo do casaco. “Provavelmente passou o braço na cara para se limpar. Questionei-o sobre isso e ele disse-me que aconteceu na escola, só não conseguiu confirmar o nome da auxiliar porque tem mais dificuldade em associar nomes às pessoas”, explica.

A mãe do menino de sete anos questionou novamente a escola por email sobre o sangramento e ficou ainda mais surpreendida com a resposta. “A coordenadora disse que não sabia, que não tinha sido informada pelas auxiliares da gravidade da agressão. Isto leva-me a concluir que elas ocultaram o que aconteceu. Percebi que isto ia ficar abafado e só por isso decidi expor o caso à comunicação social”, explica ainda Maria Venâncio.

Segundo a encarregada de educação, as funcionárias “acabaram por admitir que houve sangramento e limparam o menino”, mas não se conforma com o facto de tal ter sido escondido. “As auxiliares disseram à coordenadora que não viram necessidade de comunicar isso, acho muito grave. Qualquer funcionário que esteja dentro da escola e presencie qualquer ato de violência tem de chamar a polícia imediatamente”.

A encarregada de educação diz ainda que se sentiu intimidada pelo diretor do agrupamento de escolas Moinhos da Arroja. “Esta semana chamaram-me novamente à escola e disseram que estavam chocados com a minha atitude de procurar a imprensa porque estava a prejudicar a imagem da escola. De uma forma subtil senti-me intimidada”.

O JN questionou o estabelecimento de ensino, mas não obteve respostas. Segundo Maria Venâncio, a escola abriu um processo interno, mas “não é suficiente”. “Quem vai testemunhar o processo vão ser as colegas de trabalho dela que esconderam a gravidade da situação, então não posso esperar muito daí. Tem de ser feita justiça com o meu filho ou qualquer outro ser humano que sofra violência”, reforça.

A Câmara de Odivelas, entidade empregadora da funcionária, diz que já “foi instaurado um processo disciplinar à assistente operacional pelo Agrupamento de Escolas para o apuramento cabal dos factos e responsabilidades associadas”. “A trabalhadora recebeu assistência hospitalar no seguimento deste incidente e encontra-se, atualmente, de baixa médica. Quando regressar, não exercerá funções em instituições de ensino da rede pública do concelho”, assegura. “A Autarquia compreende a preocupação dos pais, mas apela à serenidade de todos os envolvidos até ao encerramento do respetivo processo disciplinar”, diz ainda.

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