A Vodafone conta recuperar o serviço de dados 4G durante a tarde desta terça-feira, mais de 12 horas após um ataque que deixou a operadora de telecomunicações sem qualquer tipo de serviço durante cerca de uma hora, entre as 21 e as 22 horas de segunda-feira.
Um ataque informático “terrorista e criminoso” feito “com o objetivo de parar toda a rede” está a afetar a Vodafone desde a noite de segunda-feira, admitiu a empresa, em conferência de imprensa. Desde as 21 horas de ontem que o gabinete de crise está a trabalhar para recuperar os serviços afetados., que prejudicam os cerca de quatro milhões de clientes, entre os quais estão o INEM, bombeiros, clientes bancários, correios e caixas multibanco.
“Já recuperámos os serviços de voz móvel e os serviços de dados móveis estão disponíveis exclusivamente na rede 3G em quase todo o país mas, infelizmente, a dimensão e gravidade do ato criminoso a que fomos sujeitos implica para todos os demais serviços um cuidadoso e prolongado trabalho de recuperação”, que está a contar com a ajuda de outros países da mesma multinacional de comunicações, e ainda empresas concorrente em Portugal.
“Esperávamos ter o serviço de dados de 4G operacional até à hora de almoço, mas neste momento acreditámos que será só possível durante a tarde”, disse Mário Vaz, diretor-executivo da Vodafone, em conferência de imprensa, na sede da empresa, no Parque das Nações, em Lisboa.
“Estamos a refazer tudo o que nos foi desfeito. É um trabalho moroso, que tem de ser feito em sequência”, explicou Mário Vaz. “Foi um ataque dirigido à rede, com o propósito, seguramente voluntário, intencional de deixar os nossos clientes sem qualquer serviço”, acrescentou,
“O objetivo deste ataque foi claramente tornar indisponível a nossa rede e com um nível de gravidade para dificultar ao máximo o nível dos serviços”, acrescentou aquele responsável. Dadas as características da ofensiva, não houve pedido de resgate, como aconteceu, por exemplo com os sites do grupo de comunicação Imprensa, como a SIC e o Expresso, no início do ano.
Relativamente a serviços essenciais que dependem da rede da Vodafone Portugal, como o INEM e algumas corporações de bombeiros, Mário Vaz admitiu que “houve uma afetação da atividade normal” e que já foi recuperado o acesso a serviço voz e dados 3G. “Continuamos a trabalhar de forma muito próxima com a equipa do INEM”, garantiu Mário Vaz.
O ataque afetou também o serviço de SMS. Além de atingir muitas empresas, está a causar problemas a clientes da Banca, uma vez que o “serviço de validação de serviços bancários não está disponível”, reconheceu Mário Vaz, identificando esta como uma prioridade.
O primeiro serviço a ser recuperado foi o de voz 3G, por volta das 22 horas de segunda-feira. Na mudança do dia, começou a voltar o serviço de 3G, em regime mínimo, “primeiro na Madeira e depois no resto do continente”, disse Mário Vaz. “Naturalmente, tem pouca disponibilidade de velocidade para comportar o volume de clientes”, disse, assumindo “o risco”.
O ataque informático afetou ainda as máquinas ATM da rede Multibanco, propriedade da SIBS, que é cliente Vodafone. “A sua rede de ATM está suportada na rede da Vodafone”, explicou Mário Vaz. “Alguns dos ATM, como têm rede de interligação à rede móvel de dados, estiveram indisponíveis até perto da meia-noite, até ligarmos os dados em 3G”, acrescentou.
Segundo Mário Vaz, as autoridades foram informadas e a Vodafone tem estado a trabalhar em colaboração com a Polícia Judiciária, nomeadamente com a Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T), que vai visitar a sede da empresa durante a tarde. Foi também informado o Centro Nacional de Cibersegurança e a Anacom, a entidade reguladora das comunicações em Portugal.
JN/MS
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