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Devemos acolher quem foge da morte

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A situação de conflito e os graves acontecimentos que marcam os últimos dias na Ucrânia não são de todo uma novidade. Só em Portugal, desde 2014, foram apresentados mais de 1000 pedidos de proteção internacional a cidadãos ucranianos. Estes estavam intimamente ligados a vários focos de conflito que se viviam neste país do leste europeu. A grande maioria destes cidadãos teve concedida uma proteção na vigência da Lei do Asilo. Todos temos de estar preocupados com as mortes, feridos e grande violência que os avanços russos estão a infringir, tendo consequências humanitárias sobre o povo ucraniano que podem ser avassaladoras e devastadoras. Exige-se uma resposta da União Europeia e do mundo para que cidadãos europeus como nós tenham direito a um bem essencial que é a vida.

Nesta altura o que se espera e exige dos governos é que as fronteiras com a Ucrânia sejam abertas no sentido de acolher quem não tem outra escolha senão fugir, mas quando digo fugir, refiro-me a uma fuga da morte certa, em muitas situações.

Devem por isso facilitar imediatamente a emissão de vistos dando um sinal de desburocratização. Também o tratado de Dublin deve ser revisto no sentido de facilitar aqueles que chegam desesperados a qualquer território europeu, ou mesmo qualquer outro tipo de acordos mundiais que muitas vezes mais não são mais do que leis que só dificultam resoluções que não podem esperar meses, mas têm que ser resolvidas em segundos. E devemos ir mais além quando a crianças diz respeito e estar preparados para as receber e dar-lhes as condições que qualquer ser humano merece. Em países como Portugal e Canadá onde a imigração ucraniana é significativa será mais fácil as próprias famílias acolherem os seus concidadãos, mas os governos têm de estar atentos e documentar estes refugiados com as credenciais necessárias para viverem com direitos.

Aqui no Canadá a própria história do país é de integração de imigrantes. E os imigrantes fazem parte da história deste próspero país do norte da América onde tantos tem oportunidades para o desenvolver e fazer crescer. Mas muitos chegam também como refugiados e são acolhidos, sendo-lhe dada proteção e algumas doses de caridade. O Governo canadiano tem nas suas leis plataformas de acolhimento que penso serem do conhecimento generalizado. Sei que muitos defendem que alguns se aproveitam da situação só para entrar no país, mas temos de abrir o nosso coração e aprender a receber e a reconhecer que nem todas as leis são perfeitas, mas seria muito pior não existirem.

Quando acontecem desastres civilizacionais como este na Ucrânia a comunidade internacional fica mais atenta e pressiona no sentido de ser respeitado quer a dignidade humana, quer o direito à vida. Mas depois temos de saber aceitar diferenças culturais e religiosas aprendendo a partilhar a comunidade com aqueles que pensam diferente de nós. Acima de tudo, um refugiado é uma pessoa como eu e o leitor que lê este artigo.
Existem milhares de refugiados em todo o mundo e nós devemos ter por eles muito respeito. A liberdade e os valores essenciais do ser humano não devem ter fronteiras, a ajuda a quem precisa também não deve ter fronteiras. Muitas das vezes estes seres humanos só querem um sítio para viver sem ter medo de morrer a cada segundo. Sim, estão a fugir de uma morte certa. Todos nós, sem exceção, devemos esforçar-nos por criar alicerces para que a mais urgente questão da civilização mundial, o acolhimento de quem foge do fim da sua vida, seja continuamente implantado, porque afinal como diz Zygmunt Bauman, “não conseguimos omitir suas presenças”.

Vítor M. Silva/MS

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