Açores querem criar sistema de alerta para desastres naturais na Ribeira Quente

O projeto PRISMAC, que junta Açores, Madeira e Canárias, pretende criar um sistema de alerta para mitigar os riscos de desastres naturais na Ribeira Quente, freguesia açoriana bastante exposta a derrocadas.
Após a apresentação do PRISMAC, o investigador do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR) Rui Marques explicou que um dos objetivos do projeto é o “desenvolvimento de sistemas de monitorização” com informação geotécnica e meteorológica na Ribeira Quente, no concelho da Povoação, na ilha de São Miguel.
“Será desenvolvido um sistema à escala regional, não localizado à escala do talude, mas à escala do vale, em que serão colocados sistemas de monitorização”, explicou, falando aos jornalistas no Laboratório Regional de Engenharia Civil, em Ponta Delgada.
O PRISMAC surge no âmbito do programa INTERREG VI-D Madeira, Açores, Canárias 2021-2027 e tem um orçamento global de 1.255.090 euros, sendo comparticipado em 85% pelo FEDER.
O projeto consiste em três vertentes essenciais para três regiões que sofrem da mesma patologia (instabilidade de taludes) e que, em conjunto, será executado por um período de quatro anos.
Segundo Rui Marques, além da implementação de “programas de monitorização e sistemas de alerta e alarme” para deslizamento de terras, o projeto vai analisar o impacto das alterações climáticas.
“Estes fenómenos [extremos] não os podemos impedir. As alterações climáticas, do mesmo modo, não podemos impedir. Podemos é prevenir, prevenir as populações, prevenir as infraestruturas, prevenir as condições do território”, destacou Berta Cabral.
A secretária regional destacou que as conclusões do projeto vão ser tidas em conta para investimentos futuros na Ribeira Quente.
“Há várias hipóteses e são essas hipóteses que têm de ser ponderadas, pode ser continuar o semi-túnel ou fazer por túnel até à Ribeira Quente. São situações que carecem de muito trabalho e estudo”, ressalvou.
No dia 31 de outubro de 1997, chuvas torrenciais provocaram derrocadas que soterraram parte da freguesia açoriana da Ribeira Quente, matando 29 pessoas.
Mais recentemente, em junho de 2023, a única estrada de acesso à Ribeira Quente esteve cortada ao trânsito cerca de 15 horas, devido a uma derrocada, tendo o Governo Regional construído um semi-túnel que custou cerca de seis milhões de euros.
O PRISMAC tem ainda como parceiros a Fundação Gaspar Frutuoso, o Instituto Vulcanológico das Canárias, a Universidade Técnica do Atlântico e a Universidade de Cabo Verde.
AO/MS
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