Açores

Presidente do Hospital de Angra “desvia” helicóptero para evacuar um familiar em S. Jorge

A Presidente do Conselho de Administração do Hospital de Angra do Heroísmo, Olga Freitas, interferiu ilegalmente numa operação de evacuação de doentes, obrigando um helicóptero da Força Aérea a evacuar um doente seu familiar da ilha de S. Jorge, quando a equipa médica tinha optado por, primeiro, evacuar um doente da ilha Graciosa.

Fonte conhecedora do processo revelou ao nosso jornal que esta interferência provocou um “grande mal estar” entre os profissionais da equipa médica e do Serviço Regional de Protecção Civil , “mas o caso foi abafado pela Secretaria da Saúde, tal como todos desconfiavam”.

Os factos ocorreram a 2 de Fevereiro do ano passado, tendo a médica reguladora das evacuações apresentado uma queixa por escrito, com a afirmação de que “não posso permitir que esta situação passe despercebida perante a gravidade do ocorrido”.

Processo “parou” na Secretaria da Saúde

O nosso jornal teve acesso a todo este processo, que “parou” na Secretaria da Saúde, sem que a queixa formal seguisse para a Inspecção Regional de Saúde, tal como pretendia o Presidente da Protecção Civil, com vista à elaboração de um processo de inquérito.

Naquele dia a equipa médica das evacuações foi confrontada com o pedido de duas evacuações em simultâneo, uma criança na ilha Graciosa e outro doente na ilha de S. Jorge.

Analisada a situação dos dois doentes, o risco de transporte de ambos era considerado “semelhante”, com o doente da Graciosa a ser evacuado para o Serviço de Urgência/Serviço de Pediatria do Hospital de Angra e o de S. Jorge para o Serviço de Urgência/Serviço de Neurologia do Hospital de Angra.

Perante a situação clínica de ambos os doentes, a médica reguladora estabeleceu uma série de contactos com o hospital de Angra, tendo concluído que o doente de S. Jorge teria que ser evacuado para o Serviço de Neurocirurgia do Hospital de Ponta Delgada, já que no Hospital de Angra o aparelho do TAC estava avariado.

Surpresa com decisão contrária aos médicos

Depois de vários contactos com os médicos especialistas, a médica reguladora optou pela evacuação dos dois doentes para o Hospital de Ponta Delgada no mesmo tempo de viagem, “poupando assim tempo e recursos numa só evacuação para os dois utentes que requeriam uma avaliação relativamente urgente das especialidades em questão”.

Toda a equipa envolvida concordou, “por considerar óbvia a decisão, mas pouco tempo depois toda a gente ficou espantada com uma decisão contrária”, revela a nossa fonte.

Veio a saber-se que a Presidente do Hospital de Angra, Olga Freitas, interferiu no processo, “de forma ilegal, porque não tem voz nesta coordenação”, dando ordens para que não houvesse a evacuação conjunta na mesma viagem e que a prioridade fosse dada ao do doente de S. Jorge, que, veio a saber-se, era seu parente.

A Presidente do Hospital chegou mesmo a telefonar para vários elementos da equipa médica reguladora e até para os médicos especialista, discordando da decisão de todos e impondo a sua, “dificultando mesmo o trabalho de toda a equipa”.

E o que prevaleceu foi mesmo a decisão da Presidente do Hospital de Angra, apesar da ordem dada pela médica reguladora à médica da equipa de evacuação.

Casos como este, de duas evacuações simultâneas, estão previstos num despacho normativo, onde se estabelece que compete ao médico regulador do Serviço de Protecção Civil decidir da prioridade das evacuações.

A presidente do Hospital de Angra interferiu, assim, ilegalmente, em todo o processo, com os médicos a considerarem a atitude de “grave” e de “urgente apuramento de responsabilidades”.

Filho da Presidente é adjunto do Secretário

A queixa seguiu para o Presidente da Protecção Civil que, por sua vez, a remeteu para a Secretaria Regional de Saúde, “tendo ficado tudo abafado, até hoje”, considera a nossa fonte.

A mesma fonte diz que “já todos desconfiavam que nada seria feito perante a atitude da Sra. Presidente, já que é amiga pessoal do Sr. Secretário Regional Rui Luís, integrou a equipa dele quando ele era Presidente do Hospital de Angra e até tem como adjunto no seu gabinete exactamente um filho da Presidente do Hospital de Angra”.

O caso ganhou “foros de escândalo entre todos os intervenientes, até porque pouco tempo antes o Presidente do INEM em Lisboa tinha sido demitido pelo Ministério da Saúde por um caso semelhante, que fez desviar uma equipa para evacuar um familiar”.

Perante todos estes factos, o “Diário dos Açores” apresentou ao Secretário Regional da Saúde uma série de perguntas, que o governante optou por não responder, enviando apenas um texto que publicamos na página seguinte e onde considera não “existir necessidade de abertura de inquérito”.

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