Açores

Pais e alunos fecharam a escola da Relva a cadeado e polícia teve que intervir

Pais e alunos da escola da Relva fecharam ontem as portas do edifício a cadeado, em boicote contra a constituição de turmas com um único professor para dois anos de escolaridade.

Os pais queixam-se de que os alunos serão prejudicados, mas a Direcção Regional da Educação já veio esclarecer que esta situação não prejudica ninguém e é normal em escolas onde existem poucos alunos.

O Sindicato dos Professores acusa o Governo Regional de querer poupar na distribuição de professores, concentrando anos diferentes nas mesmas turmas. Os pais não se conformam e avisam que vão retomar as formas de luta.

A PSP teve que intervir ontem na escola, forçando o cadeado e abrindo as portas para que funcionários e professores entrassem. Os alunos mantiveram o boicote.

Dezenas de professores precários manifestaram-se, ontem, em Ponta Delgada, em frente ao Palácio de Sant’Ana, pela estabilidade laboral, reclamando o cumprimento da lei e uma “resposta às verdadeiras e permanentes necessidades do sistema educativo regional”.

Cerca de três dezenas de professores precários juntaram-se junto ao edifício da Presidência do Governo Regional para fazerem chegar ao Executivo Regional uma carta em que afirmam que a “estabilidade é possível com o cumprimento da lei e com uma resposta às verdadeiras e permanentes necessidades do sistema educativo regional”.

A par da acção que se realizou na ilha da São Miguel, foram, também, agendadas concentrações em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, e na cidade da Horta, no Faial.

No documento entregue ontem, que teve o contributo de docentes de todas as ilhas, é mencionado que “há escolas que contratam sucessivamente docentes para um grupo disciplinar, não se verificando a abertura de vagas para suprir, de facto, estas necessidades”.

Os professores apontam, ainda, que “as turmas são numerosas”, “os alunos não têm apoio individualizado” e que “os professores de educação especial são substituídos por professores de apoio educativo nas diferentes disciplinas”.

Deste último ponto é exemplo Vera Almeida, educadora de infância, que, este ano, foi colocada numa vaga para educação especial, apesar de não ter formação para isso.
A docente considera que há necessidades por suprir na Região: “Se estamos a ser constantemente contratados, é porque há necessidades reais no nosso sistema educativo, daí a nossa luta”.
Natália Silva, organizadora do movimento promovido pelos “Professores qualificados, disponíveis e desempregados”, é educadora de infância há 14 anos e há três que não fica colocada na primeira fase.

Acredita que este problema afecta não só os professores, mas também os alunos: “Pedimos estabilidade para nós e para as escolas. Todos os anos conhecemos turmas diferentes, todos os anos deixamos os nossos alunos. As crianças habituam-se ao nosso sistema de ensino e todos os anos temos de mudar o sistema”, afirmou.

Há dez anos que Sílvia Chantre e o marido, ambos professores do 1.º ciclo, vieram do continente, para leccionar nos Açores, tendo já sido colocados em várias ilhas.

Volvida uma década, procuram “aquilo que todos almejam – estabilidade”, garante Sílvia.

Querem “estar perto da família, da pouca família que está cá”, esclarece, acrescentando que “pagar duas casas não é fácil”, por isso, actualmente, só se candidatam a escolas em São Miguel.

No entanto, sublinha que já aconteceu ficarem colocados em ilhas diferentes.

Já perdeu a conta às escolas em que ensinou e lembra que “basta fazer substituições temporárias e, num ano, pode-se andar em variadíssimas escolas”.

Ricardo Batista, Presidente do Sindicato Democrático, juntou-se aos organizadores da manifestação, porque o sindicato que dirige “já há muitos anos que reivindica contra a questão da contratação sucessiva e a precariedade laboral” e acredita que “é tempo de o Governo Regional dos Açores começar a olhar para estes professores e para a forma como faz a colocação e para a realidade das necessidades permanentes das escolas”.

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