Investigadores açorianos apresentam trabalho pioneiro
Uma equipa de investigadores do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, coordenada por Luisa Mota Vieira, realizou um trabalho pioneiro na implementação e validação clínica de um teste molecular para o diagnóstico precoce da leptospirose humana, doença endémica nas ilhas de São Miguel e Terceira e noutras áreas geográficas com clima tropical húmido.
Este trabalho, publicado na revista Scientific Reports, tem como primeira autora a bióloga Lisa Esteves e contou com a colaboração das investigadoras Maria Gomes-Solecki da Universidade do Tennessee nos EUA, Maria Luisa Vieira e Teresa Carreira, ambas do Instituto de Higiene e Medicina Tropical em Lisboa.
A referida investigação consistiu na implementação e validação clínica de um teste molecular, mais rápido, específico e sensível, capaz de detetar a bactéria Leptospira nos doentes com suspeita de leptospirose, sobretudo, na fase inicial da infeção.
Pretendeu-se melhorar o diagnóstico precoce da doença e identificar directa- mente as espécies de Leptospira infetantes.
Com esta finalidade, a equipa analisou retrospectivamente amostras biológicas emparelhadas de soro e urina de 202 doentes residentes na ilha de São Miguel, por uma técnica de PCR em tempo real.
Esta técnica baseia-se na amplificação in vitro do DNA de genes específicos da bactéria, seguida da fusão dos fragmentos de DNA amplificados.
Os resultados obtidos foram comparados com os dos métodos convencionais de PCR e de serologia, e as diferenças observadas foram resolvidas por sequenciação do DNA da bactéria presente nas amostras.
A técnica de PCR em tempo real, agora validada em contexto clínico, tem grandes vantagens.
Primeiro, reduziu consideravelmente o tempo de diagnóstico laboratorial da leptospirose, uma vez que se passou de 5h para 2h.
Segundo, quando comparada com outras técnicas moleculares, mostrou maior sensibilidade e especificidade nas três fases da infeção: início, disseminação e excreção da bactéria.
Terceiro, permitiu identificar directamente as duas espécies de Leptospira endémicas nos Açores, a saber: L. inter- rogans e L. borgpetersenii. E, por último, é facilmente implementada nos laboratórios de biologia molecular a um baixo custo.
Esta técnica vem, assim, contribuir para a melhoria do diagnóstico precoce da leptospirose na ilha de São Miguel,Lisa Esteves e Luisa Mota Vieira (Unidade de Genética e Patologia Moleculares do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada) podendo ser, facilmente, implementada noutras áreas geográficas onde a leptospirose seja endémica.
Além disso, os resultados da técnica têm valor epidemiológico importante na prevenção e controlo da leptospirose em termos de saúde pública. Este trabalho foi financiando pelo Governo dos Açores.
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