Deputada denuncia dificuldades “lamentáveis” na operação da Azores Airlines entre Terceira e Boston
A deputada regional Graça Silveira denunciou ontem “situações lamentáveis” que estão a suceder na operação da Azores Airlines entre a Boston e Terceira, exigindo esclarecimentos ao Governo Regional, uma vez que tais episódios “parecem configurar uma política definida claramente para prejudicar a economia da ilha Terceira”.
Em requerimento entregue na Assembleia Legislativa da Região, a parlamentar denuncia “lamentáveis dificuldades em usufruir dos serviços da Azores Airlines nas ligações entre Boston e Terceira”, nomeadamente voos que andam vazios, mas cujos passageiros, quando efectuam as reservas, são colocados em listas de espera e convidados a viajar via Ponta Delgada, para além de uma diferença de quase 200 euros nos preços finais das passagens para Boston, sendo mais caro à saída da Terceira do que de São Miguel.
“Estão-se a verificar lamentáveis dificuldades em usufruir dos serviços da Azores Airlines nas ligações entre Boston e Terceira, carecendo as mesmas de cabal esclarecimento, uma vez que colocam em causa a viabilidade da própria rota e da sua frequência. Desde o início do passado mês de Setembro, os passageiros interessados em viajar de Boston para a Terceira, a 23 de Outubro, foram confrontados com falta de lugares no voo e colocados em listas de espera que nunca chegaram a confirmar ou, em alternativa, foram convidados a chegar à Terceira vindos de Boston via Ponta Delgada. No entanto, no passado dia 23 de Outubro, dia do tal voo, aparentemente, cheio com mês e meio de antecedência, foi tornado público, que o voo vindo de Boston chegou à Terceira com apenas 27 passageiros a bordo”, denuncia Graça Silveira.
A deputada tem também outros exemplos: “o mesmo tipo de constrangimentos foi colocado a passageiros que querendo viajar naquela rota em datas diferentes, nomeadamente a ligação Boston-Terceira de 28 de setembro passado, em que uma passageira dependente de cadeira de rodas nunca consegui confirmação nesse voo em que vinha o marido, que tinha comprado um Terceira-Boston- Terceira para ir buscá-la, acabou por ter que viajar via Ponta Delgada, com todos os transtornos inerentes, especialmente a um passageiro com mobilidade reduzida”.
Outra situação difícil de explicar, diz Graça Silveira, prende-se com os custos finais das passagens: “na maioria das vezes, um passageiro que tenta adquirir uma passagem da rota Terceira-Boston-Terceira, em qualquer um dos sentidos, é confrontado com valores a pagar superiores em várias centenas de euros ao custo final praticado pela mesma companhia aérea na rota Ponta Delgada- Boston-Ponta Delgada, nomeadamente porque as taxas no voo Boston-Terceira via Ponta Delgada são de 149,12 €, enquanto no voo directo, que deveriam ser menores, estranhamente são de 329,37 €”, lembrando ainda que, “para além de cobrar menos na rota para Ponta Delgada, a Azores Airlines assume ainda o encaminhamento do passageiro nas ligações interilhas, rumo ao seu destino final”.
A deputada regional salienta que “este tipo de lamentável situação cria na opinião pública açoriana a convicção de que a rota Terceira-Boston-Terceira é deficitária e que contribui para os maus resultados da companhia aérea açoriana”, considerando, por isso, “que importa perceber porque motivos a Azores Airlines se predispõe a realizar uma rota, com aviões vazios, quando existe procura do mercado”.
No requerimento, Graça Silveira questiona se “o Governo Regional tem conhecimento das situações descritas?” e, “em caso afirmativo, que diligências efectuou no sentido de evitar tais lamentáveis situações?” Para além disso, a deputada solicita dados relativos às taxas de ocupação do voo Terceira-Boston-Terceira, desde 1 de Janeiro, assim como requer dados sobre os passageiros embarcados, especificamente, entre 18 de Setembro e 23 de Outubro, por voo.
Entre outras questões, Graça Silveira pede ainda dados sobre os passageiros que, naquele período, foram inscritos em lista de espera e não confirmaram, assim como “quantos passageiros foram obrigados a ter que realizar o voo via Ponta Delgada e quais os motivos que lhes foram apresentados?”, nos dois sentidos da rota.
Por último, Graça Silveira questiona se “existe alguma razão objectiva que justifique a diferença significativa de preços praticados pela Azores Airlines nas ligações entre Boston e as ilhas Terceira e São Miguel” e se o Governo Regional tem “a intenção de manter a operação Terceira-Boston-Terceira? Se sim, em que formato”.
Diário dos Açores
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