Açores

Consumo de drogas aumenta nos Açores

O consumo de cocaína e de ‘ecstasy’ aumentou nos Açores, sobretudo entre os jovens de 15 aos 34 anos, contrariando a média da maioria das regiões do país.

O consumo recente das denominadas Novas Substâncias Psicoactivas (NSP) também é mais elevado nos últimos anos, em particular nos Açores, mas também na Madeira, Norte, Centro e Algarve. Novamente, é na população entre os 15 e os 34 anos.

A informação consta do relatório anual sobre “A situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2017”, do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).

Segundo o documento, “em relação às duas outras substâncias com prevalências de consumo recente mais altas a nível nacional, a cocaína e o ecstasy, foram as regiões dos Açores (0,8% e 0,3 nos 15-74 anos e 1,5% e 0,4% nos 15-34 anos) e de Lisboa (0,5% e 0,2 nos 15-74 anos e 0,9% e 0,5% nos 15-34 anos) que apresentaram as prevalências de consumo recente mais altas, sendo de destacar também, no caso do ecstasy, a Madeira (0,3% nos 15- 74 anos e 0,5% nos 15-34 anos).

Açores na frente nas Novas Substâncias Psicoactivas

Por sua vez, o consumo recente de NSP é bem mais prevalente sobretudo nos Açores (3,6% na população de 15-74 anos e 6,1% na de 15-34 anos), mas também na Madeira (0,4% na população de 15-74 anos e 0,8% na de 15-34 anos), por comparação com as outras regiões”.

Em termos globais, o documento revela que houve mais mortes associadas ao consumo de drogas e ao álcool, um agravamento no consumo de canábis na população em geral, mas particularmente nas mulheres entre os 25 e os 44 anos.

Tendência que também foi registada no álcool com um aumento de consumos entre as mulheres e as faixas etária mais velhas.

Um dos destaques destes relatórios divulgados agora diz respeito à mortalidade associada aos consumos: segundo os dados do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses referidos no documento, em 2017, dos 259 óbitos em que foram detectadas substâncias ilícitas

38 foram provocados por overdoses – mais 13 que em 2016.

Nas análises dos técnicos foram detetados opiáceos, cocaína e metadona e em cerca de 80% das mortes por overdose foram encontradas mais do que uma substância.

Também se detetou a associação entre estupefacientes e álcool (37% das autópsias) e benzodiazepinas (32%).

Nas restantes 221 mortes em que se detetou a presença de droga, 38% foram de causa natural, acidente (33%), suicídio (23%) e homicídio (3%).

 

Excesso de álcool e canábis

Além dos aumentos de consumo referidos, os documentos acrescentam que também nos jovens de 18 anos se está a registar um aumento do acesso ao álcool e canábis.

Outro ponto negativo passa pela diminuição das intervenções de prevenção, nomeadamente nos meios escolares.

Ainda no capítulo dos hábitos relacionados com consumo de droga e toxicodependência também se registou um aumento de contraordenações: 12 232, ou seja mais 14% que em 2016.

Este é o valor mais elevado desde 2001.

No documento é destacado o facto de o uso de canábis nas faixas etárias entre os 25 e os 44 anos

estar a aumentar, ao ponto de os dados recolhidos para a elaboração dos relatórios mostrarem que 64% dos inquiridos assumiram ter consumido este estupefaciente quatro ou mais vezes por semana nos últimos 12 meses.

Com a divulgação destas análises fica-se ainda a saber que Portugal continua a estar abaixo da média europeia no que diz respeito à prevalência de canábis, cocaína e ecstasy, as três substâncias mais usadas no país.

 

Açores e Madeira na frente

Em termos regionais, os Açores e a Madeira são as zonas onde se registou uma maior preponderância de consumos recentes. Com o pormenor de, nas regiões autónomas, estar a aumentar o consumo de cocaína e ecstasy na faixa etária entre os 15 e os 34 anos.

No que diz respeito ao número de pessoas que receberam tratamento no ano passado, o relatório sublinha que 27 150 pessoas foram atendidas em ambulatório a rede pública devido a problemas relacionados com o uso de drogas, tendo diminuído o número de primeiras consultas,

mas aumentado o de readmissões, sendo a heroína o estupefaciente mais referido quando os utentes são atendidos.

Outro ponto que merece destaque é o facto de mais de metade da população entre os 15 e os 74 anos considerar que é fácil aceder a substâncias ilícitas num período de 24 horas, sendo os mais jovens os que mais garantem ter este fácil acesso.

Já quanto às rotas do tráfico, o documento não tem novidades: a cocaína chega a Portugal e à Europa vinda do Brasil, Paraguai e Chile, o haxixe tem origem em Marrocos. Portugal surge só como plataforma de exportação de ecstasy para o Brasil.

 

Também somos campeões no álcool

No que diz respeito ao consumo de álcool, o retrato mostra que 43% da população bebe diariamente e que aumentou a frequência de binge (consumo excessivo de forma rápida) o que é considerado um agravamento dos riscos e de entrar em dependência.

Os Açores têm os maiores índices de consumo de risco, binge e embriaguez, do país quer na população geral, mais especificamente na faixa etária entre os 15 e os 34 anos.

No caso dos mais jovens, os dados recolhidos no inquérito aos participantes no Dia da Defesa Nacional mostram que uma grande maioria já tinha bebido até ficar embriagado no último ano.

O álcool também tem levado a que mais jovens sejam referenciados pelas comissões de protecção de jovens, indica o relatório.

Devido a problemas relacionados com o álcool, 13 828 pessoas receberam tratamento no ano passado, tendo 3352 iniciado essas consultadas.

Foram ainda internados 4425 utentes com problemas de saúde relacionados com o consumo. De acordo com o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses dos 977 óbitos positivos para o álcool, 36% foram atribuídos a acidentes (incluindo de viação), 33% a morte natural, 17% a suicídio e 5% a intoxicação alcoólica.

Das 170 vítimas de acidentes de viação que tinham mais de 1,2 gramas de álcool, cerca de 80% eram condutores, 14% peões e os restantes passageiros.

Estes dados mostram uma inversão da tendência de descida que se vinha detectando e são os valores mais elevados dos últimos cinco anos.

Quanto ao consumo, os dados do SICAD mostram que em média cada português com mais de 15 anos bebia 12,3 litros de álcool puro por ano, mantendo a redução quando comparado com 2010: 13,5.

Continuam, no entanto, os consumos superiores de vinho em relação à média europeia, enquanto nas bebidas espirituosas, Portugal está abaixo da média.

Já em termos de receitas, estima-se que o mercado de venda de bebidas alcoólicas em Portugal tenha rendido 209,4 milhões de euros em 2017.

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