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Juntaram-se no WhatsApp para dar panelas e acabaram a construir uma escola

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Escola foi inaugurada em abril deste ano

Um grupo de amigos criou a conversa “Panela Aid” no WhatsApp para comprar panelas para as vítimas do furacão Idai e conseguiu angariar donativos para construir a escola primária de Mucombe-Dombe.

A comida já estava a ser distribuída num campo de deslocados a quem tinha perdido tudo – do quase nada que tinha – após a passagem do destrutivo furacão Idai por Moçambique, em 2019. Faltavam as panelas.

Durante uma viagem à província de Manica, a mais de mil quilómetros de casa, o marido de Fernanda Pargana, portuguesa a viver há cinco anos e meio em Maputo, apercebeu-se dessa necessidade e partilhou-a num grupo de amigos no WhatsApp.

A onda formou-se e juntaram-se amigos aos amigos para ajudar. “Até nós ficamos admirados. Conseguimos comprar 700 kits que tinham uma panela para o feijão, uma panela para o arroz, seis pratos, seis tigelas, seis canecas, seis conjuntos de talheres, uma chaleira, uma faca, dois quilos de sal”, conta Fernanda.

O grupo “Panela Aid” reúne agora mais de duzentas pessoas, muitos portugueses a viver em Moçambique, moçambicanos, gente de todo o mundo, “de Inglaterra ao Bahrain, a Macau. Um grande conjunto de pessoas de boa-vontade”.

Das panelas à escola

A maior parte das panelas saiu de uma fábrica em Maputo e viajou de camião mais de mil quilómetros até Manica. Depois, os kits foram organizados pelos voluntários durante dois dias, e seguiram em três carrinhas de caixa aberta, rua acima, rua abaixo, até às tendas de campanha das famílias mais carenciadas em três localidades – numa delas até houve travessia do rio de barco.

O gesto espontâneo de solidariedade permitiu angariar em três dias a ajuda para que 700 famílias pudessem voltar a fazer a sua comida e comer nos seus próprios pratos.

Durante a distribuição das panelas, Fernanda e os restantes voluntários tinham passado por algumas escolas completamente destruídas. Como tinha sobrado dinheiro da compra das panelas, lançaram o desafio ao grupo para construir uma escola.

As obras avançaram em novembro do ano passado e a inauguração aconteceu em abril.

“Tivemos uma grande sorte porque conhecemos o professor Filipe Paço, com quem estabelecemos uma ligação imediata”.

Foi ele quem, à distância, fotografou os diferentes momentos da obra. Imagens que foram reencaminhadas para que o grupo fosse vendo crescer os alicerces que resultaram da sua generosidade. “Foi um processo cheio de incertezas, mas de uma boa-vontade gigantesca. Um projeto muito gratificante. Quando vimos a cara daqueles miúdos foi espetacular, vê-los lá a jogar à bola foi incrível”.

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348 alunos até ao sexto ano estudam nesta escola

O projeto onde estudam hoje 348 alunos até ao sexto ano ficou por 30 mil euros e as transferências foram sendo partilhadas no grupo, para garantir a transparência do processo.

Aos 56 anos, Fernanda não consegue apontar o próximo desafio do grupo, se o houver. Muitos dos amigos do “Panela Aid” estão envolvidos em projetos sociais em Moçambique, como a Casa do Gaiato, que ajuda menores órfãos.

JN

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